TRAPALHADAS: 3 mil doses de vacinas “somem” e prioridade não é respeitada contra gripe na Capital

A semana foi marcada até agora por uma sucessão de episódios, no mínimo estranho e esdrúxulo, envolvendo o setor da saúde de Campo Grande.

Os fatos vão desde o “sumiço” de 3 mil doses da vacina contra a gripe H1N1 que continua a fazer vítimas na Capital até a vacinação de pessoas que não fazem parte do grupo de prioridades, entre elas um repórter do site Campo Grande News.

As “trapalhadas” tentaram ser explicadas pelo secretário de Saúde do Governo Bernal, Ivandro Fonseca, e pela assessoria de imprensa da prefeitura.

Fonseca insiste em afirmar que nenhuma pessoa fora do grupo prioritário da campanha de vacinação contra a gripe foi imunizada nos postos de Campo Grande, mesmo havendo denúncias tanto na internet quanto no telejornal MSTV primeira edição dessa quarta-feira de que pessoas que não fazem parte do público-alvo conseguiram receber a dose da vacina.

Por uma rede social Ivandro reafirmou ainda que o “sumiço” de 3 mil vacinas foi provocado pela quantidade menor de doses enviadas. Essa hipótese foi descartada em nota oficial do Instituto Butantan, de São Paulo, que fornece as doses. Veja abaixo.

Ele disse ainda que integrantes das unidades de saúde da Capital teriam constatado que frascos da vacina continham menos de 10 doses, conforme indicam os rótulos, o que teria influenciado em número menor de imunização, versão também contestada pelo fabricante da vacina.

“Não existe pessoas que foram vacinadas fora do grupo de risco. Gostaria de comunicar que superamos a meta 80% que foi estabelecida pelo Ministério da Saúde. Em Campo Grande, 93% do nosso grupo de risco foi vacinado”, escreveu também Fonseca.

Nesta terça-feira, a Prefeitura informou que ainda haviam 18 mil doses da vacina nos postos, sendo 8 mil para imunizar população carcerária e, 10 mil para a segunda dose que deve ser aplicada nas crianças pequenas.

Fato é que muitas denúncias de usuários da saúde mostram que em vários postos de saúde acabaram as doses enquanto em que outros pessoas fora do grupo de risco foram vacinadas.

A prefeitura abriu uma sindicância para apurar o desaparecimento das mais de 3 mil doses.
Em meio a essa trapalhada toda está o avanço da doença que continua a fazer vítimas e a população a mercê de todo esse imbróglio.
NOTA DO INSTITUTO BUTANTAN
A fabricação de imunobiológicos pelo Instituto Butantan segue rigorosos padrões, com todos os processos certificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No caso da vacina da gripe, envasa-se sempre uma quantidade superior à correspondente a dez doses (5ml), de forma a garantir a existência de dez doses por frasco, de acordo com a especificação descrita no registro do produto. O processo de envase é totalmente automatizado. É importante destacar que, ao ter toda a linha de produção da vacina influenza (gripe) certificada pela Anvisa, em 2014, o Instituto Butantan se tornou o primeiro laboratório público brasileiro a receber Certificação de Boas Práticas de Fabricação para uma linha completa de produção.
A RESPOSTA DA ASSESSORIA DA PREFEITURA

1 – Por enquanto não temos suspeitas sobre a questão da vacina. Houveram relatos dos gerentes das unidades de que frascos que deveriam ter 10 doses, aplicavam somente 9 e em alguns casos 8 doses. Já iniciaram a apuração de cerca das 3.000 doses, que foi a diferença entre doses e vacinação e a sindicância será aberta na próxima semana.
2 – Os grupos a serem vacinados são definidos pelo Ministério da Saúde, o município apenas aplica a vacina. O município seguiu à risca as determinações do Ministério da Saúde sobre os grupos a serem vacinados.
As vacinas que serão destinas para os encarcerados, funcionários do sistema prisional e indígenas vieram especificamente para este grupo.
Como o município atingiu a meta estipulada pelo ministério da saúde (80% da população do grupo de risco) e a campanha terminou no dia 19 de maio, não haverá mais vacinação, a não ser que o Ministério determine.
Oficialmente não chegaram denuncias desta natureza (pessoas fora do grupo de risco sendo vacinadas) para a secretaria de saúde, ficamos sabendo por meio de matérias na imprensa. A secretaria de saúde está apurando estas informações e se detectado fraude serão tomadas as medidas cabíveis.