“Espião” de Gilmar Olarte no Tribunal de Justiça tem ligações estreitas com a família dos Trad

Mauro Lino Alves Pena, conhecido como “Mauro Goleiro” é um homem de estrita confiança do presidente do TJMS, João Maria Lós, e ocupante de um cargo estratégico dentro da Corte também tem ascensão sobre políticos conhecidos em MS como é o caso do deputado Marquinhos Trad e de seu irmão, Fábio Trad.

No vídeo acima Marquinhos Trad faz reverência ao servidor do TJ em nome da família Trad, incluindo ainda Nelson Trad.

Para o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) vazou de Mauro a deflagração da Operação Coffee Break, no dia 25 de agosto do ano passado pelo Gaeco.

Chácara de Mauro é frequentada por políticos

Chácara de Mauro é frequentada por políticos

Ele teria avisado o vice-prefeito afastado Gilmar Olarte da atuação do Gaeco que acabou se precavendo e até entrou com Habeas Corpus preventivo no dia 17 do mesmo mês, temendo ser preso.

Os indícios de que o servidor repassava informações privilegiadas a Olarte foram descobertos nas mensagens via watsapp trocadas por ambos nos dias que antecederam a Operação Coffee Break. As mensagens foram recuperadas pela perícia feita pelo IC (Instituto de Criminalística) no celular do vice-prefeito afastado.

Conforme o relatório do Gaeco, no dia 17 de agosto, cinco dias depois que haviam sido protocolizados os pedidos de busca e apreensão, condução coercitiva e suspensão do exercício da função pública, Gilmar Olarte entrou com um Habeas Corpus preventivo no STJ (Superior Tribunal de Justiça). “O pedido de salvo conduto foi motivado pelo temor de ter a sua liberdade cerceada, possivelmente por ter ciência, através de Mauro Lino, acerca da tramitação de medida cautelar junto ao TJ/MS”, diz o documento.

Após receber o laudo da perícia e verificar as mensagens suspeitas, o Gaeco passou a investigar com quem Gilmar Olarte vinha mantendo contatos para obter informações de um procedimento que corria em sigilo no TJMS, já que o vice-prefeito afastado e o seu advogado Jail Azambuja se referiam ao informante apenas como Mauro ou “goleiro”. A partir dos números dos celulares usados nas comunicações, chegou-se a Mauro Lino Alves Pena.

De acordo com o relatório, no dia 20 de agosto Olarte pede para que Mauro Lino monitore o Tribunal de Justiça, no que o servidor responde que iria pela manhã ao TJ e posteriormente iria ao encontro do vice-prefeito afastado. Nos dias que se seguem ambos conversam com frequência e às 14h23 do dia da Operação Coffee Break o servidor do TJ troca mensagens e neste momento, segundo o Gaeco, Gilmar Olarte  estaria “refugiado” no escritório do advogado dele.

No dia 29 de janeiro deste ano o coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Marcos Alex Vera de Oliveira encaminhou ao procurador-Geral de Justiça à época, Humberto de Matos Brittes o Relatório de Inteligência 001/SOI/Gaeco/2016 que trata do assunto, para conhecimento e providências. No dia 28 de abril Matos Brittes encaminha o Relatório e o laudo da perícia do celular de Gilmar Olarte, para o desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva, para que sejam juntadas só processo da Operação Coffee Break.

Mauro Lino Alves Pena não foi encontrado e não atendeu as ligações em seu celular. Ele é proprietário de uma bela e bem estruturada chácara no macro-anel de Campo Grande onde recebe amigos para as constantes festas.

A Operação Coffee Break investigou suposto esquema para a cassação do prefeito Alcides Bernal, concretizado no dia 12 de março de 2014. A suspeita é de que empresários e políticos cooptaram vereadores com dinheiro e cargos na Prefeitura, para votarem pela cassação. Na Operação 13 pessoas, entre vereadores e empresários, foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento no Gaeco. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão e 17 celulares foram apreendidos para serem periciados. O relatório da Coffee Break está sendo concluído até o início da próxima semana.