Chá de sumiço: MPE investiga o desaparecimento de seis veículos apreendidos na fronteira. Vai vendo!

O MPE (Ministério Público Estado) instaurou o Procedimento Preparatório n° 06.2022.00001498-7 para apurar uma possível prática de desvio de seis veículos apreendidos e levados para o pátio da 1ª DP (Delegacia de Polícia Civil) de Ponta Porã em 2016.

Ao todo, foram apreendidos nove automóveis por suposto financiamento fraudulento, mas apenas três foram localizados pelo MPE. Na época, os condutores dos veículos também foram encaminhados para a 1ª DP, onde relataram que trabalhavam com transporte de mercadorias do Paraguai.

De acordo com o documento do MPE, em depoimento os motoristas afirmaram serem contratados como “freteiros” e que era praxe a aquisição de veículos financiados para transportar as mercadorias, pois seria comum a perda dos carros durante o transporte.

No entanto, apenas uma instituição financeira, o Banco Santander, representou criminalmente em desfavor de um dos autores, mas não indicou o local da infração e não se manifestou mais nos laudos. Além disso, o MPE também informa que foi solicitado a autoridade policial que informasse o paradeiro dos veículos, mas na certidão foi relatado que seis, dos nove carros apreendidos, não foram encontrados, pois a apreensão foi feita “fora do sistema SIGO” e os responsáveis não faziam mais parte do quadro de servidores da delegacia.

Sendo assim, o Ministério Público aponta que não é possível apurar a ocorrência dos crimes de estelionato, e também “não há materialidade para receptação, pois não foram encontradas ocorrências relacionadas aos veículos”. O órgão também aponta que, se não houve fraude na contratação, a venda do bem financiado implica em ilícito civil. O caso foi arquivado e o Ministério Público pediu, em maio de 2022, a intimação da autoridade policial para que informem sobre o paradeiro dos veículos e seja apurado o possível peculato.

Também é relatado nos documentos levantados pelo Ministério Público que várias motocicletas foram apreendidas sem que existisse registro de crime. A promotora de Justiça Gislene Dal Bó aponta ainda que não há provas da destinação das motos e enviou em setembro do ano passado o pedido para que seja certificado o que foi encaminhado, antes que o inquérito fosse arquivado definitivamente.

Em agosto, o juiz Marcelo Guimarães decidiu pelo arquivamento do inquérito, apontando que parte motocicletas foram leiloadas como sucata no Leilão n° 035/2018, pois “antigamente não havia um controle escorreito acerca dos bens e do respectivo cadastro”, o que o juiz aponta como já resolvido. A promotora de Justiça também cita que o caso é grave, e que devido ao fato ser recente, não haveria justificativa para a venda dos veículos como sucata.