Primeiro dia do júri de Jamilzinho teve bate-bocas e 5 testemunhas em quase 9 horas de sessão

O primeiro dia de julgamento do empresário campo-grandense Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, pela execução do acadêmico de Direito, Matheus Coutinho Xavier em abril de 2019, durou quase nove horas e contou com cinco testemunhas, sendo uma ouvida pela manhã e as outras quatro no período vespertino de ontem (17).

No encerramento do júri popular, no início da noite de ontem (17), a rua do lado de fora do Fórum de Campo Grande foi fechada até que a movimentação acabasse. Os policiais militares e civis fortemente armados dentro de fora do plenário faziam a segurança de todos.

Entre as testemunhas estão a delegada de Polícia Civil Daniela Kades, ouvida pela manhã, enquanto à tarde prestaram depoimentos os delegados de Polícia Civil Tiago Macedo e Carlos Delano. Depois foram ouvidos o ex-capitão PM Paulo Roberto Teixeira Xavier, o “PX”, pai da vítima, e o investigador da Polícia Civil Jean Carlos de Araújo e Silva, que também participou da Operação Omertà.

Em vários momentos durante os depoimentos, os réus ouviram de cabeça baixa e deverão ser interrogados por último, ao fim da última testemunha, que somam 16. Devido à complexidade do caso, que conta com 15 mil páginas de processo e por conta da quantidade de testemunhas, o julgamento deve ser encerrado com resultado apenas na sexta-feira (21).

Durante esse primeiro dia, houve desentendimentos entre defesa dos réus com pelo menos dois delegados que participaram da investigação do caso. Os depoimentos relembraram a motivação para o crime, que seria uma suposta traição do pai da vítima em relação aos réus.

A defesa questionou a delegada se Zezinho havia se aproximado de Marcelo Rios antes do assassinato de Matheus, sendo que a delegada disse que havia transferências de Zezinho para Rios, momento em que a defesa questionou em que parte do processo estava, já que não encontravam.

Neste momento, Kades responde: “Senhor tem que ler o processo”. Aí começa um bate-boca, em que a delegada afirma que não tem que passar número de páginas para a defesa, e que precisam ver o processo.

A delegada fala que houve provas por obstrução de Justiça e que os casos estão interligados, o que é contestado pela defesa. Assim, a delegada fala sobre a casa das armas, quando Marcelo Rio foi preso antes da deflagração da Operação da Omertà. Kades ainda fala que a motivação para que o grupo arme a morte de Paulo Xavier seria a mudança de lado do ex-militar.

O juiz Aluízio Pereira também chegou a dar bronca na defesa sobre questionamentos de páginas indagadas para a delegada durante o seu depoimento.

Os ânimos voltaram a ficar alterados na tarde. O clima ficou tenso durante o depoimento da segunda testemunha de acusação, o delegado de Polícia Civil Thiago Macedo. As defesas questionam sobre Thiago ter entrado no caso depois que as diligências tiveram início.

O delegado se irritou ao ser questionado pelo advogado de defesa de Marcelo Rios sobre a investigação inicial dos fatos, isso porque o crime aconteceu em abril de 2019, mas Thiago entrou no caso em outubro daquele ano. Ainda em depoimento disse que estudou muito sobre o que se tinha de investigação até o momento.

O delegado foi questionado se no mesmo dia da prisão de Marcelo Rios compareceu um advogado e se outros advogados o entrevistaram também, mas o delegado disse que não se recorda, por já ter anos e cerca de 15 mil páginas de processo.

“Não sei ser tão preciso como o senhor afirma. É o que aconteceu, é o que está relatado em documento público. é o relatório de investigação. é o que foi passado nas reuniões da força tarefa pelos colegas que já estavam na época. Eu confio muito nas informações que eles prestaram”, disse.

Depois foi questionado pelo advogado se foi pelo que ele ouviu e então Thiago se irritou com a pergunta e retrucou. Pelo que nós apuramos, doutor. Não preciso dizer que o senhor também não presenciou nada. No entanto, faz perguntas com base nos autos, com base no que os clientes afirmam, então nesse ponto nós estamos em pé de igualdade”. Com informações do site Midiamax