Mão aberta com seu dinheiro, eleitor! Vander gasta mais de R$ 224 mil para divulgar o seu trabalho

Ser mão aberta com o seu, o meu, o nosso dinheiro é fácil, não é mesmo eleitor? Quem o diga o deputado federal Vander Loubet (PT/MS), que gastou, somente no ano passado, R$ 224.996,00 apenas com divulgação das atividades parlamentares. As informações estão no Portal da Transparência da Câmara dos Deputados e podem ser consultadas por quem desejar.

Porém, ele não foi o único, já que, junto com os outros sete deputados federais do Estado, o total do rombo com divulgações de atividades legislativas somou R$ 718.470,00 de recursos públicos em 2019. No entanto, nesse “ranking da vergonha”, o deputado federal petista foi o “campeão de gastos” ao torrar, em 12 meses do ano passado, quase R$ 225 mil.

Na sequência estão os deputados federais Fábio Trad (PSD/MS), com R$ 145,3 mil, Beto Pereira (PSDB/MS), com R$ 125,2 mil, Bia Cavassa (PSDB/MS), com R$ 121,4 mil, Rose Modesto (PSDB/MS), com R$ 56,1 mil, Luiz Ovando (PSL/MS), com R$ 25 mil, Dagoberto Nogueira (PDT/MS), com R$ 17,2 mil, e Loester Trutis (PSL/MS), o Tio Trutis, com R$ 3 mil.

No entanto, não vá pensando que o deputado federal Tio Trutis é “econômico” e preocupado com os recursos públicos, pois, se com divulgação das atividades legislativas ele só gastou R$ 3 mil, já com consultoria e trabalhos técnicos foram torrados pelo “polêmico” parlamentar R$ 280,75 mil.

Vander Loubet, por outro lado, gosta mesmo de gastar o dinheiro público se autopromovendo, sendo que, somente no mês de abril de 2019, o “nobre” parlamentar chegou a desembolsar R$ 36,3 mil com a divulgação das próprias atividades legislativas.

Justiça

A preocupação do deputado federal petista em gastar muito dinheiro com a divulgação dos seus trabalhos é até justificável, afinal, no apagar das luzes de 2019, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, negou a concessão de liminar para adiar o julgamento do parlamentar petista até a realização de perícia judicial.

Agora, com a decisão, Vander Loubet deve ser julgado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo suposto recebimento de propina de R$ 1,028 milhão em esquema na BR Distribuidora. Ele e o empresário Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos já tinham solicitado ao relator da “Operação Lava Jato”, ministro Edson Fachin, para só pautar o julgamento após a perícia nas informações bancárias do Bradesco.

No entanto, o magistrado negou o pedido e encaminhou a Ação Penal 1.019 para o revisor, ministro Celso de Mello, que poderá incluir o processo na pauta da 2ª Turma do STF. Fachin negou liminar para suspender a tramitação do processo no dia 19 de dezembro de 2019. As defesas do deputado e do empresário apresentaram novo pedido de emergência para trancar a ação penal, mas a liminar foi negada por Toffoli.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, emitiu parecer pela condenação de Vander, do cunhado, o advogado Ademar Chagas, e do empresário Pedro Paulo Bergamaschi, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O petista pode ser condenado a 22 anos, oito meses e 20 dias de prisão em regime fechado.

Para Ademar Chagas a indicação é para que cumpra pena de 8 anos de reclusão pelo crime de corrupção passiva. Em relação a Pedro Paulo, foi sugerida uma pena de 6 anos e 4 meses de reclusão, para cada um dos sete crimes de lavagem de dinheiro e de 8 anos de reclusão para cada um dos sete crimes de corrupção passiva.

Além da prisão e da perda do mandato, o petista pode ser condenado a ressarcir os cofres públicos e pagar R$ 1,937 milhão. O deputado foi delatado pelo doleiro Alberto Yousseff, principal colaborador da Operação Lava Jato. Ele integraria o mesmo esquema de corrupção do ex-presidente da República e senador Fernando Collor de Mello, que teve o processo desmembrado.

Os repasses foram feitos entre os anos de 2012 e 2014 e teriam ocorrido 11 pagamentos. Vander nega ter recebido propina e atribuiu os repasses feitos por Alberto Yousseff a amizade com o doleiro e aos repasses solicitados para ajudar na campanha eleitoral de 2012, quando disputou a Prefeitura de Campo Grande.

A PGR (Procuradoria Geral da República) pediu autorização para investigar o parlamentar em março de 2015. A denúncia acabou sendo protocolada no final daquele mesmo ano e o foi aceita pela 2ª Turma do Supremo em março de 2017.

O julgamento deverá ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano, mas a não realização de perícia judicial deve se transformar na principal arma da defesa para evitar a perda imediata do mandato de Loubet. O suplente do petista é o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Jaime Teixeira (PT).