Justiceiros “caçam” pais de menino filmado cheio de sangue na fronteira. Cadê a polícia na terra sem lei?

Os pais do menino de 3 anos de idade que aparece aos prantos e coberto de sangue em vídeo que viralizou em Ponta Porã (MS) estariam sendo “caçados” por “justiceiros” que assinam execuções sumárias de pessoas supostamente envolvidas em crimes na região fronteiriça do Paraguai com Mato Grosso do Sul.

Depois que a filmagem viralizou, a casa onde a família vivia foi invadida, os dois conseguiram fugir, mas o motorista de aplicativo que os levou até um hotel, os reconheceu e divulgou o local onde estavam hospedados. “Vamos ter de procurá-los porque devem ter se escondido porque estão sendo ameaçados pelos justiceiros”, narrou a delegada Analu Lacerda Ferraz, da 1ª DP (Delegacia de Polícia), ao site Campo Grande News.

Ela explica que pediu a prisão preventiva do pai do garotinho e que o MPE (Ministério Público Estadual) deu parecer favorável à custódia dele enquanto durarem as investigações “para a garantia da ordem pública”, mas a Polícia ainda aguarda análise do juiz. Se for expedida ordem de prisão, é que o homem passará a ser procurado.

O vídeo da criança chorando viralizou na quarta-feira (29) e virou “prato cheio” para muita gente falar em “justiça com as próprias mãos”, mas o caso aconteceu no dia 24 de setembro. Analu Ferraz foi quem atendeu a ocorrência quando o pai do menino foi detido pela Polícia Militar. A denúncia contendo o vídeo foi feita à PM, que acionou o Conselho Tutelar na madrugada e foi ao local.

Na casa da família, estavam a mãe e as crianças. O pai foi localizado depois, mas pego no mesmo dia. Em depoimento, o homem nega que tenha agredido o filho, embora no vídeo, ele diga: “eu vou te bater mais”, mandando que o menino tirasse a bermuda. O pai alega que o filho havia caído, por isso, estava ensanguentado e a mãe confirma. O casal também nega fazer uso de drogas e admite ter problemas com álcool.

A delegada explica que a polícia investiga o caso. Não há como provar, por enquanto, que aquele sangue na criança foi provocado por uma agressão, apesar da forte evidência de que o menino estava apanhando naquele momento. Foi pedida perícia no celular do pai para apurar, por exemplo, quando o vídeo foi gravado e se há mais imagens que esclareçam os fatos.

Desde o flagrante, as crianças – além do menino o casal tem outros dois filhos, uma garota mais velha que ele e um bebê – foram acolhidas pelo Conselho Tutelar e depois enviadas para a casa de parentes, que foram de Ponta Porã. A responsável pela investigação e a conselheira tutelar que esteve na casa da família, Marine Escobar de Souza, afirmam que a “caça às bruxas”, estimulada pelo compartilhamento do vídeo do menino chorando, em nada contribui para o bem-estar das crianças, além de ser crime reproduzir o vídeo, que identifica o menino em situação que pode gerar sofrimento para ele no futuro.

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