Embrapa: Incêndios deram prejuízo de R$ 1,2 bilhão a MS e sugere “boi bombeiro” para reduzir riscos

O Centro de Inteligência da Carne Bovina (CiCarne), uma iniciativa da Embrapa Pantanal, aponta que nos últimos meses os incêndios em Mato Grosso do Sul causaram perdas estimadas em R$ 1,2 bilhão. A instituição baseou sua estimativa com base em informações da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

Conforme o boletim do CiCarne, as áreas mais afetadas no Estado incluem a pecuária de corte, os canaviais e as plantações de eucaliptos, que são pilares da economia local. Entre junho e agosto, segundo o levantamento, mais de 500 propriedades rurais foram atingidas pelo fogo, incluindo regiões do Pantanal, onde cerca de 13% do bioma foi consumido, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ (Lasa-UFRJ).

E em resposta a essa crise, a Famasul lançou o programa “SuperAção Pantanal”, que visa oferecer suporte e alternativas para a recuperação dos produtores rurais, minimizando os impactos produtivos e reduzindo os prejuízos dos pantaneiros. E em meio a esta situação, o conceito do “boi bombeiro” surge como uma solução estratégica complementar, desempenhando um papel crucial na prevenção de queimadas, aponta o boletim.

O manejo do gado é utilizado como ferramenta natural para o controle da biomassa vegetal, reduzindo o acúmulo de material combustível nas áreas mais vulneráveis, diz o estudo. De acordo com o boletim do Cicarne, a expressão “boi bombeiro” foi criada há 40 anos, com base em um experimento realizado na Fazenda Nhumirim, da Embrapa, em uma área de 600 hectares fechada ao gado.

Em apenas um ano, as gramíneas baixas foram abafadas por capins altos, e no quarto ano ocorreu um incêndio que atingiu as copas das árvores, enquanto em volta da área não houve fogo. Essa observação levou os peões à conclusão de que o fogo havia sido causado por um raio seco, fenômeno bem conhecido na região pantaneira, no qual o raio ocorre sem haver chuva.

Ao combinar o pastejo com a queima prescrita de gramíneas não consumidas, como capimcarona, “rabo de burro” e “fura-bucho”, o gado contribui para prevenir o acúmulo de palha combustível.