Cadê o matador? Três dias após executar empresário ex-PM ainda continua “foragido”

Nesta quinta-feira (16), completam três dias que o subtenente PM reformado José Roberto de Souza, 53 anos, executou com três tiros o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, dentro da sede do Procon-MS, em Campo Grande (MS), na última segunda-feira (13), onde entrou na sala de audiência para buscar um documento que teria esquecido na sexta-feira (10), após não ter êxito na audiência.

Estranhamente, nem a Polícia Civil, muito menos a Polícia Militar, conseguiu localizá-lo, dando claros sinais de corporativismo, afinal, se trata de um “irmão de farda”, no caso da PM, e de um colega de profissão, no caso da PC. Como a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) não se pronuncia sobre a descarada inoperância das forças de segurança, fica a impressão que José Roberto vai se entregar quando quiser e se quiser, enquanto isso a sociedade campo-grandense espera respostas.

Delegado responsável pelo caso, Antônio Ribas, da 1º Delegacia de Polícia Civil, anexou ao inquérito consultas ao sistema Infoseg/DPF/Sinarm. O ofício detalha que José Roberto tinha em seu nome uma arma com o mesmo calibre da usada no crime, mas que estava com o registro vencido.

De acordo com o inquérito, o registro da arma de José estava vencido desde o dia 9 de março de 2015, o que segundo o inquérito, sugere que seria a arma usada no assassinato do empresário.

O que se sabe, por enquanto, é que José Roberto foi reformado em 2015 por problemas psicológicos. Na reserva desde 2011, ele acabou perdendo o porte de arma, bem como devolveu a arma funcional para a PM. O militar foi para a reserva remunerada em 2011, sendo reformado já em 2015, isso teria ocorrido por problemas psicológicos, no entanto, não foram especificados quais seriam esses problemas.

Assim, com a motivação pela qual o militar foi reformado, ele deveria perder o porte de arma. A princípio, o policial não tem antecedentes criminais. Após o assassinato do empresário Antônio Caetano, ele fugiu a pé pelo Centro de Campo Grande. Falhas de segurança no Procon, em Campo Grande, deverão ser apuradas após o assassinato do empresário. A triagem será reforçada e será estudado se existe a necessidade de instalação de detector de metais na entrada.

Pedido por justiça

No velório realizado na manhã de terça-feira (14), familiares e amigos da vítima disseram que ele era uma pessoa trabalhadora, de bom coração e que ajudava a todos. Filhos de Antônio Caetano querem Justiça. “Meu pai entrou andando (Procon) e saiu dentro de um caixão”, disse Juliana Caetano, de 31 anos, elencando o dia como um dos piores da sua vida.

“Ninguém (Governo) entrou em contato com a gente para falar sobre a parcela de culpa”, disse Juliana Caetano, referindo-se ao fato de o Procon não ter nenhum detector de metais na entrada. Outra filha do empresário, Michelle Caetano, de 39 anos, também falou sobre a falta de segurança no local.

Ela falou sobre questões como, “Se até no banco você tem de deixar seu celular na porta para entrar, como em um lugar onde é feita conciliações, uma pessoa entra armada”, questionou. Michelle relata que seu pai era muito alegre e aproveitava muito a vida. Sexta-feira (10), foi o último dia em que falou com Caetano por videochamada, já que mora em Campinas (SP).

Vagner Tomé Caetano, de 46 anos, acredita que o crime tenha sido premeditado já que revelou ter ficado sabendo que o policial teria deixado uma carta em sua casa dizendo que se a polícia fosse até a residência só se entregaria após 48 horas. “Quem vai armado para uma audiência?”, disse.

O filho de Caetano ainda disse que o empresário, em 40 anos trabalhando, nunca teve problemas com nenhum cliente. “Justiça só a divina por que a dos homens é falha”, falou Vagner que ainda disse que o motor do carro do policial foi refeito após apresentar problemas, mas que a troca de óleo ele teria de pagar, já que a garantia era apenas do motor.

Amigos também foram na despedida de Caetano, como é o caso de Marcelo Ortiz, de 56 anos, que conhecia o empresário há 30 anos. “Era um ser humano de coração imenso” falou, revelando ter sido apresentado ao Kart pelo amigo.

Davi Jorge Costa, de 60 anos, conhecia o empresário há 40 anos. “Ele era bastante sorridente, carinhoso, coração grande”, falou. Outros amigos, como Miltinho Viana, o Brejinho, foram se despedir de Caetano.