Com renda mensal de R$ 4 mil, casal de Corumbá movimentou R$ 24 milhões para o narcotráfico

Graças ao trabalho do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que detectou uma movimentação milionária por parte de um casal humilde de Corumbá (MS), os policiais civis do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) conseguiram desbaratar uma das principais quadrilhas fornecedoras de cocaína no atacado e no varejo em Campo Grande.

Conforme dados do Coaf, o casal, que tem uma renda mensal de R$ 4 mil, movimentou, em um período de quatro anos, o montante de R$ 24,4 milhões para a quadrilha de narcotraficantes. Mais da metade desse valor, conforme indicam os relatórios de inteligência financeira do Coaf, foi movimentada entre 2023 e 2024.

O casal, formado por A.C.P.C. e pela mulher dele, C.T.A., seria laranja de um grande chefão do narcotráfico em Corumbá e que ainda está sob investigação do Garras. Ele, o qual se declara representante comercial e tem uma renda aproximada de R$ 2,2 mil por mês, e sua mulher, que se declara estudante e afirma ter uma renda de R$ 2 mil mensais, emprestavam suas contas para receber os pagamentos feitos por Lucas Pereira da Costa e Matheus Henrique Lemos Diniz.

A maior parte dos R$ 24 milhões movimentados pelo casal foi por meio de Pix. O monitoramento do Coaf também mostra que, em algumas situações, o representante comercial e a estudante sacavam parte desses valores para gerar dinheiro em espécie.

Esse representante comercial, que já havia sido investigado por tráfico de drogas em 2020, teve uma receita de R$ 7,014 milhões nos 33 meses analisados pelo Coaf, além de R$ 6,54 milhões em despesas no mesmo período, totalizando uma movimentação de R$ 13,5 milhões. Apenas entre julho e novembro de 2024, ele movimentou mais de R$ 3 milhões. As entradas em suas contas foram de R$ 1,55 milhão, enquanto os débitos totalizaram R$ 1,53 milhão.

Já as operações da estudante também apresentam valores semelhantes de entrada e saída de recursos. O período de monitoramento dela pelo Coaf foi menor, de 24 meses, mas os montantes movimentados não ficam muito atrás dos valores do marido.

Em dois anos, passaram pelas contas dela nada menos que R$ 10,8 milhões – mesmo ela tendo uma renda declarada de R$ 2 mil por mês. No período, foram creditados R$ 5,4 milhões, e o mesmo montante foi debitado.

A maioria das transações foi realizada com integrantes da quadrilha investigada pelo Garras na Operação Facilem Vitam, sendo Costa e Diniz os principais nomes.

Ambos também tinham uma vasta rede de laranjas. Segundo a investigação do Garras, entre eles estavam a mãe de Diniz, Elizângela da Silva Lemos, o casal Raphael de Souza e Vivian dos Santos Paiva, além da jovem K.S.C., que declarou à polícia ter apenas emprestado a sua conta bancária a Diniz com a promessa de receber R$ 500 mensalmente. K.S.C. é beneficiária do programa Bolsa Família. Com informações do Correio do Estado