Pedágio na rota da celulose pode chegar a R$ 15,20 e vencedora só terá de duplicar 116 km dos 870 km

Documentos publicados pelo Escritório de Parcerias Estratégicas de Mato Grosso do Sul (EPE) revelam que a empresa que vencer o leilão das rodovias da região leste do Estado que dão acesso a São Paulo poderá cobrar pedágio de até R$ 15,20, tendo compromisso de duplicar apenas 116 quilômetros de um total de 870,4 quilômetros.

Pelos documentos, serão privatizados trechos das rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395 e trechos das rodovias federais BR-262 e BR-267, o chamado “Rota da Celulose”, pois passa por grandes fábricas do produto instaladas no Estado.

Ainda conforme ao EPE, 457 quilômetros terão acostamentos, 251 quilômetros serão de terceiras faixas, 12 quilômetros de via marginal e 82 de dispositivos em nível. A duplicação será quase que total entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, enquanto o restante será na BR-267, mais especificamente na divisa de Mato Grosso do Sul com São Paulo, na região de Bataguassu (MS).

E são essas praças que devem ter os valores mais altos de pedágio, segundo o documento. Em Ribas do Rio Pardo, onde a duplicação termina exatamente na fábrica da multinacional Suzano, o valor deve ser de R$ 15,20. O segundo maior valor está em Nova Alvorada do Sul, onde a tarifa pode ser de R$ 15,10.

A praça de pedágio mais barata da concessão será a de Bataguassu, na BR-267, que custará R$ 4,70. O trecho da BR-262, que deve ser delegado ao governo do Estado pelo governo federal, sai de Campo Grande até a divisa com São Paulo, em Três Lagoas.

Se o motorista fizer este caminho ele deverá gastar R$ 53,00 em pedágio, passando pelas quatro praças que serão implantadas na rodovia, o trecho mais caro da concessão. Já quem fizer o trajeto pela BR-267, de Nova Alvorada do Sul a Bataguassu, deverá gastar R$ 40,20.

Pelas estradas estaduais, a MS-040, MS-338 e MS-395, o motorista deverá desembolsar R$ 47,30. O valor do pedágio, porém, pode mudar, isso porque a concessão será feita por leilão e a empresa que oferecer a maior outorga e um menor valor de pedágio, com redução máxima de 20% no valor previsto, deverá ser a vencedora.

Conforme o EPE, a outorga mínima é de R$ 95 milhões e a previsão de investimento nas rodovias é de R$ 8,8 bilhões em capital privado pelo período de 30 anos.

“O projeto considerou a predominância da produção agropecuária, o parque industrial da região formado por indústrias de celulose, produtos de papel e papelão, de construção, frigoríficas e de produtos de carne, sucroenergéticas, metalmecânicas e o aumento de fluxo de veículos projetado para os próximos anos pela expansão socioeconômica da região Leste”, disse nota do Governo do Estado.

Ainda de acordo com o Escritório de Parcerias Estratégicas, o projeto atende às diretrizes do programa Estrada Viva, do Governo de Mato Grosso do Sul, para preservação da fauna silvestre.

Entre eles, a implantação de dispositivos de prevenção de acidentes como 22 passagens de fauna, tela condutora, placas de alerta e lúdicas, controladores de velocidade, bem como cinco caminhões de resgate de animais silvestres e ações de educação ambiental de usuários e comunidade em geral.

“Acredito que entramos na melhor fase, que é o debate amplo que alcançará a melhoria do projeto que iremos lançar ao mercado. A consulta pública viabiliza a participação democrática da população nos projetos governamentais. É a oportunidade de ouvirmos a sociedade”, avalia Eliane Detoni, secretária especial do Escritório de Parcerias Estratégicas.