Ele também é acusado de ser o mandante do assassinato do jornalista sul-mato-grossense Léo Veras em fevereiro de 2020 em Pedro Juan Caballero. Além de ser do PCC, “Cachorrão” tem estreitas relações com outros investigados pela Polícia Nacional do Paraguai que estão presos na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, que teve 28 celas vistoriadas logo após o ataque contra as magistradas.
Segundo informações do comissário Javier Gimenez, da 13ª da Polícia Nacional do Paraguai em Pedro Juan Caballero, a juíza Mirna Carolina Ocampos Ramírez, dona do imóvel que recebeu mais de 50 disparos de pistolas calibre 9 mm, faz parte de uma comissão que reabriu o caso contra o criminoso. Ela também integrou um tribunal de condenação que ordenou a captura internacional do criminoso.
Tanto Mirna Ramírez, quanto Vivian Vargas, que moram na mesma casa na Rua Cerro Leon, entre Iturbe e Avenida Carlos Domingues, estão sob proteção da polícia. Os outros membros da comissão, Mario Peralta Ovelar e Marcelina Quintana de Acosta, que assinaram o novo mandado de prisão contra “Cachorrão” na última quinta-feira (7) também solicitaram medidas protetivas.
Ele foi considerado inocente e liberado pelo Tribunal de Execução do Paraguai em novembro do ano passado. Durante o júri, a principal testemunha disse em plenário que não podia contar muita coisa, já que nem a fisionomia dos autores ela viu no dia do assassinato.
A testemunha revelou, apenas, que percebeu um carro de cor branca fugindo do local. Diante da inconsistência do depoimento da testemunha, que inclusive era ligada ao jornalista, o jurado absolveu o criminoso por envolvimento no crime. A decisão gerou polêmica no meio jurídico de Pedro Juan Caballero e foi criticada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) do Paraguai, que ordenou uma auditoria. A anulação do julgamento de ‘Cachorrão’ foi pedida pelo procurador Andrés Arriola.
No mesmo dia em que foi anunciada sua absolvição em julgamento oral, o criminoso que tem ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital) saiu pela porta da frente do Tribunal de Justiça e nunca mais foi visto em Pedro Juan Caballero. “Cachorrão” foi preso no dia 1º de maio daquele ano, em Pedro Juan Caballero, por agentes da polícia paraguaia. Durante o julgamento, foi incluído pelo Ministério Público o laudo técnico da perícia do celular de Waldemar Pereira Rivas.
O aparelho foi apreendido na cela de “Cachorrão”, no presídio. Também foi verificado que o Jeep Renegade, de cor branca, usado na execução do jornalista, era de propriedade dele. Léo estava em casa, jantando com a família, quando o grupo invadiu o local, na noite do dia 12 de fevereiro de 2020. Um dos autores ficou no veículo modelo Jeep Grand Cherokee usado no transporte, e outros três realizaram o ataque.
Depois de levar os primeiros tiros, Léo correu para os fundos da residência, uma área escura, na tentativa de se proteger, mas foi perseguido. Lá, os criminosos terminaram de matá-lo com o total de 12 disparos. Em seguida, o amordaçaram. Vídeos do local do crime divulgados logo após o assassinato mostram um pano branco, ensanguentado, que foi usado para tapar a boca do jornalista.
Cinco homens e uma mulher suspeitos de ligação na execução do jornalista Léo Veras foram presos ainda em 2020. As prisões aconteceram após a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), na época, divulgar que os tiros que atingiram o jornalista Lourenço Veras, o Léo Veras, tinham sido disparados de uma pistola Glock 9 mm. Essa mesma arma teria sido usada em execuções de ao menos outras sete pessoas na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero.
Todos os crimes estariam relacionados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a Associação. Exame de balística forense feito na capital Assunção, identificou em cartuchos recolhidos na casa de Léo, o mesmo padrão de marca produzido pelo percussor da pistola no instante do disparo, que é uma espécie de impressão digital, única para cada arma.