Uma semana após motoentregador fuzilar parceiro, família ainda tenta entender as razões do crime

A família do motoentregador Emerson Salles Silva, de 33 anos, assassinado pelo colega de trabalho Bruno César de Carvalho, de 24 anos, durante briga na lanchonete na Avenida Mato Grosso, em Campo Grande (MS), na noite de 13 de agosto, ainda tenta entender os motivos da discussão que levaram ao crime.

 

De acordo com matéria publicada pelo site Campo Grande News, Emerson Salles era o caçula de três irmãos e dedicava-se ao trabalho de motoentregador e, conforme a família, o motivo fútil para seu assassinato não tem explicação.

 

Segundo os familiares, ele veio para Campo Grande há um ano e quatro meses a convite do irmão, o professor Helison Salles Silva, de 38 anos. Antes disso, trabalho por oito anos em uma empresa de segurança da região pantaneira de Mato Grosso do Sul.

 

Na Capital, ajudou a família em uma oficina de marcenaria, mas logo conseguiu uma vaga como motoentregador de uma rede farmácia. Aos poucos, começou a construir a vida na cidade. Se mudou para uma casa próxima a do irmão e cumpria religiosamente o compromisso com o trabalho.

 

Nos fins de semana, quando estava de folga, se encontrava com os dois irmãos mais velhos, que também moram em Campo Grande. Foi na farmácia, conta o irmão, que Emerson Salles conheceu Bruno de Carvalho, mas não eram amigos próximo.

 

A convivência veio quando ele aceitou fazer entregas para a lanchonete em que o colega já trabalha há cerca de 3 anos. A proposta era aproveitar a pandemia para fazer extras e assim, juntar dinheiro para trocar de moto. Os familiares garantem que ele era uma cara do bem.

 

A família não ouviu de Emerson Salles nenhuma reclamação sobre Bruno de Carvalho. Também não acredita na versão contada pelo assassino, que em depoimento afirmou ser vítima de “brincadeiras constantes e ameaças”.

 

Para um dos irmãos, a versão de que Emerson Salles vinha fazendo brincadeiras com Bruno de Carvalho não procede, pois, quem conhecia a vítima, sabe que ele não era do tipo que fazia brincadeiras. Era muito tímido, tinha que chamar para conversar e iniciar o assunto.

 

Ainda conforme um dos irmãos, a discussão entre os dois pode ter feito Emerson Salles xingar e até “falar alguma bobagem” para o colega, mas nunca o ameaçar.

 

Ainda sem entender o que realmente aconteceu, a família tenta montar a história contada por testemunhas, amigos e o próprio assassino, para compreender a morte do caçula dos três irmãos. Mas a única certeza até o momento, é a crueldade do crime e a futilidade da briga que terminou com os tiros que tiraram a vida do motoentregador.

 

Para um dos irmãos, o crime deixa claro que Bruno de Carvalho sabia exatamente o que fazia quando puxou o gatilho e matou o colega. Para ele, foi uma covardia e por isso gerou uma comoção. O colega teria abatido o irmão com um tiro na pélvis e depois ele foi lá e executou. De acordo com o irmão, isso não é coisa de cara que nunca atirou em ninguém, que nunca manuseou uma arma.

 

A família acredita que Bruno de Carvalho é uma ameaça à sociedade e, caso seja colocado em liberdade, vai voltar a fazer entrega e pode voltar a matar também. Emerson Salles deixou dois filhos, de 10 e 5 anos de idade, e foi sepultado em Ladário, cidade em que nasceu e que até hoje é lar da mãe. Já Bruno de Carvalho teve a prisão preventiva decretada ontem (19) e entregou-se para responder o processo preso.