Terra sem Lei: Adolescente morta estava grávida e polícia identifica casal carbonizado na fronteira

A violência na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul continua sem controle e cada vez mais preocupante. No fim de tarde de ontem (3), um casal foi executado e depois carbonizado dentro de um veículo em uma estrada de terra na Colônia Tacuaremboy, localidade paraguaia que faz fronteira com Paranhos (MS), enquanto em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), a Polícia descobriu que a adolescente brasileira encontrada morta no dia 26 de abril em uma vala nos fundos do Shopping de Importados Planet Outlet estava grávida de três meses.

No caso da adolescente brasileira Luana Gonçalves da Silva, 15 anos, que morava em Sanga Puitã, distrito do município de Ponta Porã, a Polícia Civil informou que a informação sobre a gravidez veio por meio de áudio da irmã da vítima enviado ao secretário municipal de segurança de Ponta Porã, Marcelino Nunes. “Ela estava grávida, só eu sabia, era um segredo entre eu e ela, ela não queria que contasse pra ninguém. Fui eu mesmo que comprei o teste pra ela fazer, deu positivo na minha frente. Só que eu não sei o que ela fez com o teste de gravidez, mas eu confirmo, ela estava grávida mesmo e era só um segredo entre eu e ela. Ela estava grávida de três meses, era um segredo entre nós”, disse a irmã.

Luana da Silva estava desaparecida desde o último dia 22 de abril, quando teria ido para um bar no centro de Ponta Porã na companhia de duas amigas e dois amigos e, depois disso, não deu mais notícias. Duas irmãs dela entraram em contato com uma amiga da adolescente, que também estava no bar. De acordo com relatos das irmãs, essa amiga também informou que a adolescente e mais algumas pessoas, depois de participarem de uma festa, estariam dentro de um carro nas proximidades do Trevo da Cuia e que ela ameaçava pular da janela.

No carro, Luana da Silva então teria dito: “Eu sou uma sereia, preciso ir atrás do meu sereio”. Depois disso, teria descido do carro e não foi mais vista, segundo a amiga. O celular de Luana estava com a amiga, desde o dia que a jovem desapareceu. Só no último dia 28 de abril, a irmã da jovem conseguiu recuperar o aparelho, que foi entregue à Guarda Civil Municipal da Fronteira. O celular foi levado para a delegacia de Ponta Porã para perícia.

A amiga chegou a usar o aparelho da vítima e enviou mensagens perguntando sobre a jovem, até então desaparecida, para familiares. A irmã de Luana da Silva chegou a relatar que conversas no celular da vítima podem auxiliar nas investigações. Outro fato nas investigações sobre a adolescente é em relação a uma postagem publicada nas redes sociais do Paraguai. Após o seu desaparecimento, ela teria sido vista discutindo com um policial paraguaio em um posto de combustível do outro lado da Linha Internacional.

“Essa menina eu vi sábado passado em posto de cuia, falando e discutindo com um policial paraguaio q tava num carro branco carola branco[sic]”, diz a íntegra da publicação de um internauta paraguaio que cita até a placa do veículo. De acordo com o médico legista do Paraguai, César González Haiter, a adolescente, encontrada já em estado de decomposição, sofreu um ferimento na cabeça do lado direito que lhe causou a morte. “Presume-se que os autores do crime utilizaram uma arma contundente para causar a morte da vítima”, disse.

Casal carbonizado

Sobre o casal de jovens executado e depois incinerado na fronteira, a Polícia Nacional do Paraguai informou que se trata de Eva Mariza Sosa Campuzano e Rafael Ramon Maidana, ambos de 21 anos. Eles eram de Presidente Franco, cidade paraguaia do Departamento do Alto Paraná, e foram até a região para comprar drogas. Com essas mortes, o número de execuções na região chega a 61 somente neste ano, sendo 14 mortes em janeiro, 12 em fevereiro, 12 em março, 20 em abril e 3 em maio.

O caso teria sido vítima do golpe conhecido como “3 em 1”, que é quando um usuário compra certa quantia de drogas e é assassinado em seguida pelo traficante. Um outro casal de estudantes brasileiros que fazem o curso de Medicina no Paraguai também teria acompanhado as vítimas até a região de fronteira, entretanto, eles ficaram hospedados em um hotel enquanto os amigos saíram para buscar as drogas e acabaram sendo executados.

O Toyota Premio totalmente incinerado foi localizado por moradores por volta das 12 horas de ontem. O local onde os corpos foram queimados fica em área dominada por traficantes que cultivam maconha na Reserva Ambiental Mbaracayu, de 45 mil hectares. Os corpos ficaram totalmente queimados. É possível ver apenas os ossos sobre os bancos incinerados.