Ronaldinho é filmado em hotel onde cumpre prisão domiciliar no Paraguai esquecido pelo Brasil

Em prisão domiciliar desde abril em Assunção, capital do Paraguai, o ex-jogador de futebol brasileiro Ronaldinho Gaúcho foi filmado por um fã na sacada do luxuoso hotel onde cumpre a pena ao lado do irmão Roberto Assis. No vídeo, divulgado pelo jornalista esportivo Hernán Rodriguez em seu perfil no Twitter, o homem que faz o vídeo chama o jogador ao reconhecê-lo, Ronaldinho olha e acena de volta.

O ex-craque, ao lado de seu irmão, Roberto Assis, cumpre pena domiciliar após tentar entrar no país vizinho com passaporte falso. Eles só poderão deixar o Paraguai quando a investigação terminar ou mediante uma liminar da Justiça local. Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão estão presos há mais de 90 dias e, apesar de estarem em uma “gaiola de ouro”, já que estão no luxuoso Hotel Palmaroga, em Assunção, a pandemia fez com eles sejam os únicos hóspedes do hotel cinco estrelas, além dos policiais que estão para impedir eventual fugas.

A desmoralização, de ter sido pego com passaporte falsificado paraguaio, trava qualquer ação do governo Bolsonaro. O ministro da Justiça, André Mendonça, não se manifestou e nem se manifestará a favor do pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira. O motivo é simples: não há certeza em Brasília se Ronaldinho Gaúcho e Assis são inocentes.

Os passaportes falsos com que entraram no Paraguai são provas pesadas. Assim como a desconfiança das autoridades do país vizinho que os dois fariam parte de um esquema de empresas de fachada para lavar dinheiro. O ex-ministro Sérgio Moro, assim que Ronaldinho foi preso, telefonou para autoridades paraguaias para saber como ele estava. Teve a confirmação que não corriam perigo, estavam bem instalados.

Mas teriam de seguir detidos, em prisão temporária, por conta dos passaportes falsos, que poderiam indicar um esquema de lavagem de dinheiro com a empresária Dalia López, que levou os dois e ainda arrumou os passaportes. Ela segue foragida da Justiça paraguaia, enquanto o empresário Nelson Belotti, dono do cassino Il Palazzo, em Assunção, também estava por trás do convite da dupla.

Moro percebeu que não havia como apoiar publicamente o ex-jogador por não saber se ele era inocente. Caso fosse culpado seria uma desmoralização para o governo Bolsonaro. Para Moro, particularmente. Desde então esse é o caminho do governo brasileiro, aceitar a autonomia do Paraguai. Pelas leis do país vizinho, qualquer suspeito pode ter declarada a prisão preventiva por seis meses.

Ronaldinho e Assis acreditavam que fosse uma questão de dias. O advogado gaúcho Sérgio Queiroz, que representa a dupla desde a prisão, só conseguiu uma vitória na justiça paraguaia. Depois de 32 dias na Agrupación Especializada, prisão improvisada em um quartel, os dois conseguiram ir para a “gaiola de ouro”, o Hotel Palmaroga, pagando fiança de R$ 8 milhões. A diária para duas pessoas no Palmaroga, com todas as refeições incluídas, é de R$ 2.000,00. Isso porque ocupam a suíte presidencial. Os celulares dos dois foram retidos pela justiça paraguaia. E rastreados. O resultado da investigação ainda não foi divulgado. Queiroz contratou um caríssimo escritório paraguaio, do advogado Adolfo Marín para ajudá-lo na defesa dos irmãos.

Já foram feitos quatro pedidos para que paguem uma multa pelos passaportes falsos e sejam liberados para voltarem ao Brasil, mas a Justiça paraguaia negou. Depois, pela pandemia, ficou um mês só cuidando dos casos graves. Por cerca de 30 dias, casos como o de Ronaldinho Gaúcho não foram analisados. Queiroz e Marín protocolaram dois novos recursos pedindo a liberação imediata dos dois para o Brasil. De acordo com o advogado brasileiro, em dez dias, a Justiça paraguaia dará a resposta.