República dos Atestados: 5 em cada 10 admitem apresentar documento falso no INSS

Levantamento do site Campo Grande News revela que cinco em cada dez pessoas admitem apresentar atestado médico falso ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Para acabar com essa farra, a partir da próxima segunda-feira (15) o órgão federal vai iniciar os testes para utilizar ferramentas de IA (inteligência artificial) na análise de atestados médicos com o objetivo de detectar possíveis fraudes.
Apesar de estar em fase experimental, a medida já despertou a curiosidade de trabalhadores da Capital. A reportagem ouviu algumas pessoas e 50% delas revelaram ter usado atestados falsos ou conhecem alguém que já o fez para aproveitar uma festa ou estender o fim de semana.
Desde julho de 2023, após a publicação da portaria conjunta 38, o sistema Atestmed tem possibilitado aos usuários enviar atestados médicos pela internet e solicitar, de forma remota, benefícios por incapacidade temporária, sem a necessidade de perícia médica presencial.
A exceção do atendimento por Atestmed é para o auxílio-doença acidentário, aquele em decorrência em acidente de trabalho. Neste caso, os servidores estão orientados a agendar perícia médica presencial.
Essas medidas foram adotadas para facilitar o acesso dos segurados e reduzir as filas no INSS, mas, ao mesmo tempo, podem criar implicações, como tentativas de burlar o sistema e emitir falsos atestados.
Devido a essa possibilidade, o Governo usará inteligência artificial para diminuir esse risco e identificar assinaturas forjadas, inconsistências geográficas e fraudes evidentes em atestados, como o uso de programas de edição de imagem e texto. Tais situações serão analisadas e, se necessário, encaminhadas à Polícia Federal.
A empresa pública de Santa Catarina será a primeira a conduzir os testes, enquanto outras duas companhias estão programadas para participar em fases subsequentes.
O período de testes está estimado em dois a três meses, após os quais o Governo definirá a ferramenta com base nos critérios estabelecidos e iniciará os procedimentos para sua implementação.
Além disso, o INSS está considerando a criação de um ranking de pontuação para os segurados, permitindo a concessão mais rápida de benefícios aos que obtiverem maior pontuação.
Aqueles flagrados cometendo fraudes terão pontos deduzidos, serão encaminhados para a perícia física e podem ser alvo de investigação pela Polícia Federal.
A advogada previdenciarista e coordenadora do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário) do Centro-Oeste, Juliane Pentenado, explica que desde janeiro de 2019 está em vigor a chamada Lei do Pente-Fino, que tem como objetivo detectar fraudes no sistema previdenciário.
Segundo ela, a utilização da IA surge como uma ferramenta adicional para aprimorar esse processo. Caso um segurado apresente um documento falso, seja para solicitar auxílio-doença ou outros benefícios como BPC (Benefício de Prestação Continuada) e pensão por morte, ele pode enfrentar punições.
O INSS pode encaminhar a situação para o Ministério Público Federal, resultando na abertura de um inquérito e, eventualmente, em penalidades criminais.
Além do risco de demissão, a advogada explica que o infrator deverá devolver o valor recebido de forma indevida. No caso de recebimento indevido de benefício devido a fraude, o valor terá que ser devolvido. Isso pode ocorrer por meio de desconto no benefício atual, se houver, ou por cobrança do valor devido, acrescido de juros, multa e correção monetária.
Além das consequências criminais, o INSS pode acionar a justiça para exigir a devolução do montante recebido indevidamente.
Vai vendo!!!