Relatório pago pelo próprio Consórcio Guaicurus revela lucro milionário, tá de brincadeira, né?

O Ibec (Instituto Brasileiro de Estudos Científicos) recebeu R$ 272 mil pagos pelo próprio Consórcio Guaicurus para fazer laudo pericial com objetivo de apontar suposto desequilíbrio econômico do contrato de concessão, de R$ 3,4 bilhões, do transporte coletivo urbano de Campo Grande.

Trata-se de um segundo laudo apresentado em ação judicial proposta pelos empresários das empresas de ônibus, que alegam enfrentar ‘dificuldades financeiras’ e pedem mais dinheiro público para manter as operações. Porém, o novo laudo, apresentado em 2025, atestou que o Consórcio Guaicurus teve receita de R$ 1,8 bilhão até o ano de 2024.

A perícia do Ibec afirmou ainda que a frota do Consórcio Guaicurus é adequada. “Os investimentos realizados atenderam as especificações do contrato e da concessão”, trouxe o laudo quando questionado sobre investimentos com a frota.

Porém, dois dias antes do Ibec anexar laudo dizendo que a frota do Consórcio Guaicurus atende ao exigido no edital, a Prefeitura de Campo Grande publicou decisão dando prazo de 30 dias para as empresas de ônibus tirarem de circulação 98 veículos velhos e substituí-los por novos.

O laudo do Ibec afirma que o Consórcio Guaicurus está com as ‘finanças defasadas’ e ‘sem capacidade de investimentos’, porém, atestou que os empresários tiveram lucro líquido de R$ R$ 27.283.132,78, ou seja, é o dinheiro que sobrou após pagar tudo.

Enquanto isso, passageiros enfrentam superlotação e problemas com sucateamento da frota. Em alguns casos, precisam até utilizar guarda-chuva dentro dos veículos para não se molhar.

Um dos questionamentos os quais os peritos do Ibec deveriam responder seria sobre o total do lucro líquido do Consórcio no período em valores reais e valores correntes.

Contudo, o Ibec preocupa-se em enfatizar que o lucro do Consórcio — de mais de R$ 27 milhões — está abaixo do previsto no contrato. “Os resultados apurados evidenciam uma distorção significativa no Fluxo de Caixa, não captada nas projeções originais da ‘Proposta Vencedora’”.

Uma primeira perícia foi realizada, por ordem judicial, pela empresa VCP (Vinicius Coutinho Consultoria e Perícia), no valor de R$ 180 mil, também bancado pelos empresários do ônibus.

Porém, o resultado não agradou ao Consórcio Guaicurus, uma vez que revelou lucro de R$ 68 milhões de 2012 a 2019, além de aumento de 21,75% do patrimônio. A primeira perícia ainda apontou uma série de irregularidades cometidas pelo Consórcio no contrato, como o desrespeito à idade média da frota desde 2015, mantendo ônibus velhos nas ruas. Com informações do site Midiamax