Polícia descobriu “plano suicida” para resgatar presos do PCC com advogada de Três Lagoas

A Polícia Federal descobriu o “plano suicida” para resgatar presos da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) de penitenciárias federais por meio de anotações encontradas no celular da advogada de Três Lagoas (MS), Kássia Regina Brianez Trulha de Assis, de 41 anos, que foi presa na semana passada na “Operação Anjos da Guarda”. De acordo com o “plano”, seria realizada uma rebelião, como última alternativa, para libertar Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, maior liderança da facção criminosa, recolhido em penitenciária federal de Porto Velho.
Segundo o site Campo Grande News, as investigações começaram em dezembro do ano passado, quando foram monitoradas conversas de advogados e familiares de detentos na Penitenciária Federal de Brasília. Os presidiários do PCC, defensores e visitantes falavam em código para tratar do plano de resgate e mencionavam as siglas “STF”, para se referir a fuga da liderança presa em Brasília, e “STJ”, para cobrar o andamento da ação.
O código foi quebrado em fevereiro deste ano, após  Kassia de Assis deixar uma penitenciária estadual de Campo Grande, onde tinha se encontrado com Esdras Augusto do Nascimento Júnior, outra liderança do PCC, recém-saído do Presídio Federal de Brasília, onde era acostumado a tomar sol com Marcola. No celular da advogada havia a seguinte anotação:  “Plano 1 – Código STF. Por que não foi feito? Qual a dificuldade em fazer? Já estão monitorando? Do que precisam para fazer? Tem informações internas e externas da unidade.”
“Plano 2 – Sequência – Código STJ. Sequestrar diretor-geral e chefe de segurança. Família deles. Fazer o cativeiro em outro estado. Plano 3 – suicida, – uma rebelião – em 8 meses se o STF e o STJ não for concluído, o Ciro, ou seja, Marcola, vai excetuar o plano suicídio, dentro do sistema PF (penitenciária federal), vai ser uma missão suicida”. As notas escritas pela advogada foram resgatadas pela PF no armazenamento em nuvem do celular dela.
Imagens gravadas na Penitenciária Federal de Campo Grande mostram também que Kassia de Assis foi umas responsáveis por repassar o plano de Marcola para outros presos da organização criminosa. Como mostra em uma das conversas dela com Edmar dos Santos, exibida pelo Fantástico. “Sua família pediu para vir aqui falar com você”, afirma a advogada. Família, segundo a Polícia Federal, é grupo criminoso.
Ainda segundo as investigações, a advogada ouvia presos da facção, dentro dos presídios, para que as mensagens pudessem ser compreendidas e repassadas a Devanir de Lima Moreira, conhecido como “Irmão Erê”, um dos chefes da facção que está foragido. Natural de Campo Grande, ele é apontado como um dos principais responsáveis pela elaboração do plano de fuga dos detentos.
Kássia de Assis defendia presos ligados ao PCC em penitenciárias de Campo Grande e em presídios federais. A advogada passou por audiência de custódia na quinta-feira (11) e teve a prisão mantida pela Justiça. Ela está detida na sala de Estado-Maior destinada à prisão de advogados. A sala fica no Presídio Militar de Campo Grande, no Jardim Noroeste.
Além de Marcola, os outros presos alvos do resgate seriam, conforme a PF, Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, condenado pela morte do juiz Antônio José Machado Dias, em março de 2003, em Presidente Prudente, a mando do PCC; Valdeci Alves dos Santos, o Colorido; Esdras Augusto do Nascimento Júnior; e Edmar dos Santos, o Quirino. Todos estão presos em presídios federais. Em nota ao repórter Allan de Abreu, repórter da Piauí, a defesa da advogada Kássia de Assis disse que houve “uma premente confusão entre as atividades exercidas pela profissional e as causas que esta vem defender em nome de seus clientes”.
“A exigência de respeito às prerrogativas do advogado nada mais é do que um direito previsto em lei, porém, sabe-se que a letra fria da lei não impede que ocorram situações prejudiciais ao advogado tal como no caso concreto, onde pode haver penalizações aplicadas simplesmente pelas ações realizadas pelo advogado em razão de seu ofício”, disse o advogado Juliano Rocha de Moraes.
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