Operação da PF fecha a RSI Investimentos por desviar dinheiro de clientes em “pirâmide”

Em operação realizada nesta quarta-feira (1º), a Polícia Federal fechou, após um ano e seis meses de investigação, a empresa RSI Consultoria e Investimentos, responsável por oferecer serviços de investimento na bolsa de valores para aplicar golpes de pirâmide. Ao todo, os policiais federais cumpriram dois mandados de prisão temporária e 19 mandados de busca e apreensão nas cidades de Dourados (MS), Campo Grande (MS), Ponta Porã (MS), Naviraí (MS), Porto Murtinho (MS), Amambai (MS), Franca (SP) e Maringá (PR).

Desde março do ano passado a empresa é denunciada por aplicar golpes milionários em Mato Grosso do Sul. Entre as vítimas, policiais de diversas instituições de segurança pública do Estado, juízes, políticos, advogados e empresários, foram enganados pelo grupo criminoso alvo das ações desta manhã com promessa de altos rendimentos na bolsa de valores. A Justiça ainda permitiu o sequestro e bloqueio de mais de R$ 40 milhões em bens móveis e imóveis da organização criminosa, além de valores depositados em contas bancárias dos investigados.

Para isso, foram expedidas 44 ordens judiciais pela 5ª Vara Federal da Cidade de Campo Grande, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro. A investigação começou oficialmente, após a Comissão de Valores Mobiliários comunicar a Polícia Federal sobre uma empresa com sede em Dourados, dedicada à captação de recursos de terceiros, para fins de investimentos no mercado de capitais, sem autorização. Ao longo das investigações, as equipes descobriram que a RSI Consultoria e Investimentos captava recursos de clientes sob a promessa de ganhos vultosos com aplicações no mercado financeiro de valores mobiliários.

Conforme apuração, a empresa tinha um sofisticado e convincente site na internet, onde em seu manual de investimentos, explicava aos clientes a forma como trabalhava e os principais tipos de produtos oferecidos. Todos com uma rentabilidade muito acima do mercado. A área do cliente, acessado através de login e senha individual, contava com gráficos e planilhas explicativas, onde eram discriminados os valores investidos e os ganhos com as supostas aplicações feitas na bolsa em nome dos clientes, como se de fato fosse uma corretora de valores.

Segundo a Polícia Federal, a empresa possuía faixas de investimentos, cujo divisão dos ganhos era feito da seguinte forma: investimentos de R$ 1 mil até R$ 50 mil, 50% dos ganhos eram do cliente e os outros 50% da empresa. Em investimentos acima de R$ 50 mil, 70% dos ganhos eram do cliente e o restante da empresa. Foram identificados casos em que investidores aplicaram na empresa mais de R$ 200 mil. A organização criminosa era composta por três grandes núcleos: um integrado pelos sócios da empresa e pelos responsáveis pela aplicação dos valores no mercado de capitais, os quais se ficavam com a maior parte dos valores investidos pelos clientes.

Outro setor era formado pelos corretores, responsáveis pela captação dos recursos dos investidores, para aplicação no mercado de valores mobiliários. O último era composto pelas ações de logística, já para enganar os clientes, a empresa montou estrutura que contava com página na internet, programas de gerenciamento de investimentos e um sofisticado manual do investidor. No auge do funcionamento, a empresa chegou a contar com mais de dois mil clientes em todo o país. Para convencer potenciais investidores, o principal investigado pela operação se apresentava como um dos maiores day trader (referência a compra e venda de ações em um único dia) do país.

A informação, na verdade, não passava de mentira para impressionar. Segundo levantamentos realizados durante a operação, a maioria dos valores investidos no mercado de capitais resultou em grandes prejuízos para os investidores e não lucro. Foi descoberto ainda que, em dois anos, as contas bancárias da empresa receberam mais de R$ 60 milhões.

Parte do dinheiro, segundo os próprios investigados, foi remetida para Londres, no Reino Unido, consequência da decisão da Comissão de Valores Mobiliários em barrar as atividades da empresa, já que ela não possuía autorização do órgão regulador para operar no mercado de capitais. Pelo descumprimento reiterado da determinação, os sócios formais da empresa foram multados em R$ 600 mil.

A RSI Consultoria e Investimentos é alvo de dezenas de ações cíveis em todo o estado, nas quais as vítimas recorrem à Justiça para conseguir a devolução dos valores aplicados e indenizações por danos morais e materiais. O líder do grupo também é investigado em outros estados da federação pela prática de crimes semelhantes. O mesmo se repete em diversas cidades de Mato Grosso do Sul.