OAB da froneira acredita que inocência de polícias do DOF em desaparecimentos de jovens

  Por Edmundo Tazza – Ponta Porã

Os policiais que integravam uma guarnição do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e são suspeitos de estarem envolvidos no desaparecimento de dois jovens, ocorrido em Ponta Porã em agosto desse ano, provavelmente são inocentes.

A opinião é do presidente da 5ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Ponta Porã, Dr. Luiz Renê do Amaral, que vem acompanhando as investigações como integrante da comissão instituída pela agremiação para este fim.

Ele acredita que os policiais só teriam cometido um erro de procedimento, ao não relatar esta e outras abordagens efetuadas pela guarnição naquela data.

O FATO

Um jovem de 20 anos e outro de 27 desapareceram no sábado (12/08) em Ponta Porã, a 326 quilômetros de Campo Grande. Os rapazes foram vistos pela última vez ao serem abordados pela polícia em um posto de combustíveis, por volta das 11 horas.

Segundo a polícia, apesar do caso ter ocorrido no sábado (12), a família só registrou boletim de ocorrência na segunda-feira (14), depois que tive acesso a um vídeo registrado por uma câmera de segurança do posto.

As imagens mostram os rapazes sendo abordados por policiais do Departamento de Operações de Fronteira (DOF). Em seguida, os militares vistoriam o carro deles. Depois, um jovem segue em uma viatura com um policial e o irmão no carro, com o segundo militar.

O veículo foi encontrado abandonado na tarde de sábado (12), em Pedro Juan Caballero, município paraguaio vizinho a Ponta Porã. O carro foi encaminhado à Comissão de Automóveis da Comissária do Paraguai.

Depois da abordagem os jovens não foram mais vistos. As imagens da abordagem foram entregues à Polícia Civil, que investiga o caso.

Em nota, a assessoria do DOF informou que os policiais que aparecem nas imagens foram afastados do trabalho e aguardam a conclusão das investigações.

INVESTIGAÇÃO

Mesmo que a atribuição seja da Polícia Civil, os fatos foram apurados “numa rapidez pouco peculiar” pelo Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pelo comando do DOF em Dourados. O alvo do IPM deveria ser apenas o comportamento “operacional” da guarnição. Contudo, como a OAB pode acompanhar, as investigações foram aprofundadas e detalhadas, num verdadeiro trabalho de inteligência e que exigiu até intervenções diplomáticas, para que fosse possível fazer a perícias no veículo das vítimas, já que ele estava sob a custódia de autoridades paraguaias.

Na versão dos policiais, depois da abordagem, a guarnição conduziu os dois jovens e o veículo para outro local (o Posto Monza, que está desativado e fica na mesma rodovia, a cerca de 8 quilômetros em direção a Antônio João), “por uma questão de segurança”. Depois disso, afirmam os agentes do DOF, foi efetuada uma vistoria minuciosa no carro, mas, diante do chamado para atender outra ocorrência, os rapazes e o veículo foram liberados. Os policiais relataram que deixaram o local em direção a Ponta Porã, onde almoçaram e, logo após, seguiram para o entroncamento do Copo Sujo, onde dariam apoio a uma barreira rodoviária.

As imagens do circuito interno do restaurante confirmam a versão dos policiais, assim como os vídeos registrados na rodovia. Inclusive, as imagens que apontam a viatura policial sendo seguida pelo carro dos jovens, foram analisadas por peritos que garantem que o veículo no vídeo é semelhante, mas, não é o mesmo das vítimas.

Ainda de acordo com as avaliações do presidente da OAB, só o fato do DOF ter se empenhado prontamente em apurar os fatos já é um forte indicativo de que os policiais não têm envolvimento com o episódio.

A Polícia Civil, por sua vez, pouco apurou a respeito. Segundo consta o IPM cuidou de todas as investigações e o resultado disso é que vai orientar agora o trabalho da Polícia Civil.

De qualquer forma, há suspeitas de que até os familiares das vítimas não tenham revelado detalhes importantes que poderiam elucidar o mistério. Por isso, ainda há possibilidade da OAB vir a solicitar novas diligências e depoimentos para esclarecer o desaparecimento dos jovens que, se a princípio tinha os policiais como suspeitos, agora não tem suspeito algum.