MPE investiga prefeito de Ivinhema por ser animador de eventos com recursos públicos. Vai vendo!

Os dias de youtuber do prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), que se autointitula de “Prefeito Mais Louco do Brasil”, estão contados. O gestor entrou na mira do MPE (Ministério Público Estadual), que abriu dois inquéritos para investigar por suposto uso de dinheiro público para “eventual prática de promoção pessoal com emprego de recursos públicos em afronta à Constituição Federal e Lei de Improbidade Administrativa”.

Com 880 mil seguidores nas redes sociais, Juliano Ferro é uma espécie de showman e constantemente divulga nas redes sociais suas participações em eventos na cidade com 27,8 mil moradores. Até aí tudo bem, porém, conforme o MPE, boa parte desses eventos são bancados com recursos públicos, ou seja, o “nobre” prefeito está usando dinheiro da Prefeitura de Ivinhema para se autopromover.

“Considerando que a participação do Prefeito nos eventos não se resumiu apenas ao tradicional e aceitável cumprimento e felicitações aos presentes, mas foi muito além, contando com participação incomum, ocasiões que subiu ao palco para cantar e dançar junto com os artistas contratados, além de agir como uma espécie de animador dos eventos”, escreveu o promotor de Justiça Daniel do Nascimento Britto ao fundamentar a abertura de um dos inquéritos.

Na outra investigação, cujo teor está sob sigilo, o mesmo promotor de Justiça abriu investigação para “apurar eventuais ilegalidades em processos de inexigibilidade de licitação para contratação de artistas pelo Município de Ivinhema nos anos de 2021, 2022, 2023 e 2024”. Embora as informações a respeito desta investigação, publicada na edição do diário oficial do MPE desta quarta-feira (6) não estejam disponíveis, fica claro que a suspeita é de que Juliano Ferro tenha contratado atrações artísticas ao longo dos últimos quatro anos justamente para autopromoção.

Na eleição de 2020, Juliano Ferro venceu a disputa contra Gilberto Câmara, irmão do deputado estadual Renato Câmara (MDB) e filho do ex-deputado Nelito Câmara (MDB). Tanto Renato, quanto Nelito já foram prefeitos de Ivinhema, deixando claro que o “youtuber” derrotou a mais tradicional família de políticos da região.

Em 2020, o “Prefeito mais louco do Brasil” disputou pelo DEM, mas desde meados do ano passado faz parte do PSDB e já deixou claro que pretende buscar a reeleição. O atual partido de Juliano Ferro é comandado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja. Dos 79 prefeitos de Mato Grosso do Sul, 51 estão no ninho tucano.

Esta não é a primeira vez que ele vira alvo de investigação do MPE. Em 2021, desrespeitou decreto que ele mesmo havia assinado proibindo aglomerações e foi flagrado participando de uma festa em uma fazenda. E por fazer pouco caso da covid, acabou perdendo o pai para a doença e contraindo o vírus. Doente, foi parar na UTI. Ativo nas redes sociais, gravou vídeos, ao lado da família mostrando seu delicado estado de saúde e à época ganhou notoriedade nacional por conta de seu suposto arrependimento.

Em uma transmissão ao vivo, disse que “De 30 dias para cá nossa vida se tornou um inferno na verdade né […] na verdade […] na verdade eu fui às vezes, em alguns momentos irresponsável, porque achei que esse Covid, isso é só uma gripezinha […] e não é uma p […] de uma gripezinha não [… ] Anteontem eu enterrei meu pai […]. Uma saúde de ferro. Nunca vi meu pai gripado. Ficou 26 dias em coma induzido. Eu estou contaminado. Minha esposa está contaminada. Minha filha. Minha sobrinha”, afirmou o prefeito em uma tentativa de alertar aos seus seguidores.

Além disso, virou alvo de investigação por conta das seguidas rifas de veículos das quais participa e das quais diz ter tirado boa parte de seu atual patrimônio. Já foi condenado, também, a três anos de prisão por porte ilegal de arma de fogo. Em 2015, quando era vereador, utilizou uma pistola para abrir uma garrafa de cerveja.