Messer revela que usava banco do ex-presidente do Paraguai para lavagem de dinheiro. Vai feder mais!

O “doleiro dos doleiros” Dario Messer revelou, em sua delação premiada à Justiça do Brasil, que usava o banco paraguaio BASA, de propriedade do ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, para o esquema de lavagem de dinheiro em conjunto com os bancos brasileiros Ourinvest, Rendimento S/A e Paulista.

Dario Messer revelou à Polícia Federal e ao MPF (Ministério Público Federal) que o Banco Rendimento S/A e o Banco Paulista faziam parte de um cartel liderado pelo Banco Basa para a compra e venda de reais. Conforme um dos investigadores envolvidos no caso, o dinheiro era comprado em casas de câmbio sem comprovante de origem. Há indícios de o dinheiro seja oriundo da compra de cigarros, drogas e armas no mercado paralelo.

Os 21 anexos da delação premiada que o doleiro Dario Messer fechou com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal revelam anos de crime. No acordo, o “doleiro dos doleiros” contou esquemas de lavagem de dinheiro que darão desdobramentos para muitas investigações, entre elas, o detalhamento de operações que envolvem o Banco Rendimento e o Banco Paulista na compra de reais no Paraguai.

“É um cartel. Poucos bancos entram nesse esquema. E apenas esses dois bancos conseguiam uma grande quantidade de reais no Paraguai. E o Banco Basa era o grande fornecedor de reais para os bancos Paulista e Rendimento. Dário informou que chegou a ser procurado por um outro banco para entrar nesse esquema, mas esses carteis são tão criminosos que não querem abrir para outros bancos participarem”, afirmou uma fonte da PF.

A mesma fonte explicou que o setor de compliance dos bancos era burlado e as transações para lavar o dinheiro eram feiras através do esquema montado por Dário Messer. O compliance de um banco é responsável por fazer com que a instituição cumpra todas as leis, regras e regulamentos impostos pelo Governo. O objetivo é combater, justamente, a lavagem de dinheiro, além da sonegação fiscal, evasão de divisas e qualquer outra atividade fora da lei.

Nesta segunda-feira (17), o doleiro foi condenado pela Justiça Federal do Rio a 13 anos e 4 meses de prisão em regime fechado no processo da Operação Marakata, desdobramento da Lava Jato no Rio, pelo crime de lavagem de dinheiro. É a primeira vez que Dario Messer é condenado na Lava Jato. Ele foi absolvido da acusação de evasão de divisas.

Além de devolver R$ 1 bilhão, em imóveis e 17 milhões de dólares que ainda estão nas Bahamas, o doleiro está comprometido com a PF e MPF em continuar ajudando com as investigações sempre que for solicitado. “A vida do Dário é uma vida de crime. Ele já nasceu no berço da lavagem de dinheiro. Acha normal, por exemplo, dar bolsa de R$ 50 mil a uma pessoa. Não acredito que ainda tenha dinheiro escondido, mas se tiver, vamos encontrar. Acho que ele não iria querer correr o risco”, concluiu a fonte.

Embora o que fora revelado por Dario Messer seja muito importante para os investigadores, foi a delação da mulher dele, Myra Athayde, que ajudou a Polícia Federal fechar lacunas importantes da investigação.  De acordo com a PF, orientada por Dario, durante o período em que o doleiro passou foragido, um ano e meio, era Myra quem continuava dando andamento as operações de lavagem de dinheiro com a teia de doleiros montada pelo marido. Myra responde por lavagem de dinheiro e o acordo de delação prevê que ela cumpra a pena em regime aberto.

“Myra tinha datas e nomes de cabeça. Sabia explicar em detalhes todo o esquema, até melhor que o próprio Dario. O conteúdo apresentado por ela foi fundamental”, destacou a fonte. Em nota, “o Banco Rendimento S/A esclarece que não teve acesso e nem conhecimento do teor desta delação. A instituição afirma também que não tem – nem nunca teve – nenhum tipo de relacionamento com o delator em questão”.

A instituição informou ainda que: “como parte do seu negócio, realiza a aquisição de reais em espécie de bancos estabelecidos no Paraguai. Esta é uma operação absolutamente legal de importação de moeda nacional em espécie, realizada junto a estabelecimentos bancários do exterior e autorizada pela Resolução 3.568, de 29.5.2008, do Conselho Monetário Nacional”.

“Cabe ressaltar que os valores transportados são controlados pelas autoridades do Paraguai e do Brasil, movimentados em voos regulares de companhias aéreas tradicionais e desembaraçados no país por Auditores da Receita Federal do Brasil em conformidade com os procedimentos da Instrução Normativa 1.082, de 8.11.2010”, completa o banco.

Também por meio de nota o Banco Paulista afirmou que: “não tem qualquer tipo de relacionamento com Dario Messer. A instituição ressalta que sempre se pautou pela legalidade de suas operações e que, como todas as demais, as operações de internalização da moeda nacional seguem as normas e diretrizes do Banco Central do Brasil”.

 

Banco Ourinvest

O interlocutor do Ourinvest teria procurado Dario para participar do esquema. No entanto, segundo o doleiro, a entrada da instituição financeira foi negada pelo presidente do BASA, Ricardo Marin. “Isso porque os cartéis são tão criminosos que não querem abrir seus negócios para outras instituições participarem”, explicou um dos investigadores da Polícia Federal.

O Banco BASA é do ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, que é apontado como um dos maiores produtores de cigarros que são contrabandeados para o Brasil. Através da assessoria de imprensa, o Banco Ourinvest informou “que todas as transações realizadas pela instituição, sem exceção, seguem rigorosos padrões de controles internos, em completo e irrestrito alinhamento às disposições legais e regulamentares a elas aplicáveis. Além disso, esclarece que não tem e nunca teve qualquer relacionamento com o Sr. Dário Messer”.

Em nota, o Banco BASA também negou as informações declaradas por Messer. “O Banco BASA informa que desconhece as declarações prestadas pelo senhor Dario Messer”. E esclareceu que “como entidade regulada e supervisionada pelo Banco Central do Paraguai, assim como auditada por empresas de reconhecido prestígio internacional nos temas de prevenção de lavagem de dinheiro, o Banco Basa S.A. sempre adequou todos seus atos e negócios às normas legais vigentes.”