Para encerrar uma semana violenta na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul, o dia de ontem (29) teve quatro assassinatos, sendo que uma das vítimas teve o corpo esquartejado. O primeiro crime aconteceu no início da tarde, quando Eduardo Alvarenga Gonzales foi sequestrado em Ponta Porã (MS) e o corpo dele foi encontrado horas depois esquartejado perto do rodoanel da cidade.
Já os três militares da FTC (Força-Tarefa Conjunta), grupo de elite das forças armadas do Paraguai, morreram durante ataque armado ocorrido em estrada de terra na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul, entre as cidades paraguaias de Santa Rosa del Aguaray e Capitán Bado, na divisa dos departamentos de San Pedro e Amambay.
Com essas mortes, o número de execuções na região chega a 103 somente neste ano, sendo 14 mortes em janeiro, 10 em fevereiro, 21 em março, 8 em abril, 18 em maio, 16 em junho e 16 em julho. No primeiro caso, o carro usado pelos sequestradores para pegar Eduardo Alvarenga Gonzales, um Toyota Corolla preto, foi encontrado em chamas a 300 metros do local onde o corpo foi deixado, sendo que equipes da Guarda Civil Metropolitana da Fronteira, da Polícia Militar e da perícia da Polícia Civil foram ao local.
A vítima foi sequestrada por volta de 15 horas na Rua Manoel Cardinal, no Bairro Universitário, em Ponta Porã, e testemunhas contaram que bandidos encapuzados e armados a perseguiram atirando. Ele teria sido ferido e colocado ainda vivo no porta-malas do carro, sendo que no período da noite o Corolla foi encontrado próximo ao distrito de Sanga Puytã, na margem da BR-463, que liga Ponta Porã a Dourados. Uma hora depois o corpo foi encontrado perto do rodoanel, a pelo menos 300 metros de onde estava o veículo.
Ao lado do corpo da vítima estava um “aviso” de quem supostamente serão os próximos “alvos” dos assassinos. “Atenção Celso Gonçalves e Leandro Gonçalves (Surubim) vocêis são os próximos (sic)”, trazia o bilhete que estava colado em um pedaço de papelão, junto ao corpo. A Polícia ainda está investigando quem são os homens citados no recado deixados pelos criminosos, possivelmente, eles são parentes, uma vez que o sobrenome é o mesmo: Gonçalves. Por enquanto, nenhum suspeito de participação na execução foi preso. Equipes da Guarda Civil Metropolitana da Fronteira, Polícia Militar e Polícia Civil estão empenhadas nas buscas.
Mais mortes
Também na tarde de ontem, os militares da FTC (Força-Tarefa Conjunta), identificados como os sargentos Eulalio Ezpinoza, Lauro Monzon e Mauricio Pérez, morreram durante ataque armado ocorrido em estrada de terra na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul. Eles seguiam em um veículo blindado quando ocorreu o atentado, entre as cidades de Santa Rosa del Aguaray e Capitán Bado, na divisa dos departamentos de San Pedro e Amambay.
Capitán Bado é separada por uma rua de Coronel Sapucaia (MS) e Santa Rosa del Aguaray fica a 147 km da linha internacional. Entretanto, o local do ataque fica a menos de 60 quilômetros de Mato Grosso do Sul. Atualmente existe ligação por estrada asfaltada entre as duas cidades, mas o atentado aconteceu em um antigo caminho de terra.
A região onde ocorreu o ataque, cercada de matas, é dominada pelo grupo terrorista EPP (Exército do Povo Paraguaio), guerrilha marxista que há quase 15 anos luta contra o governo paraguaio. A FTC foi criada justamente para combater os terroristas que promovem sequestros, assaltos e saques contra propriedades rurais.
Os criminosos primeiro detonaram um explosivo sob o caminhão onde estavam os militares e, na sequência, abriram fogo contra as vítimas. Imagens adquiridas pela reportagem mostram a cratera que se formou no local da explosão. Os três militares foram encontrados mortos em meio à vegetação. Um helicóptero foi usado nas buscas pelos criminosos.