Juiz aceita denúncia contra delegado e outras 10 pessoas por fazer delegacia em balcão de negócios

O juiz Marcelo Guimarães Marques, da 2ª Vara Criminal de Ponta Porã, aceitou denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) contra o delegado de Polícia Civil Patrick Linares da Costa e outros 10 investigados no âmbito da Operação Codicia (ganância, em espanhol). Deflagrada no dia 25 de abril deste ano, a operação investiga organização criminosa que teria transformado em “balcão de negócios” a 1ª e a 2ª Delegacias de Polícia Civil de Ponta Porã (MS).

Eles são acusados dos crimes de organização criminosa, corrupção (passiva e ativa) e peculato (desvio), porém, pelo menos outros três crimes no âmbito da mesma operação foram apresentados, mas estão em segredo de Justiça. Concluída no dia 9 deste mês e recebida pelo juiz da 2ª Vara Criminal no dia 17, a denúncia é assinada pela procuradora de Justiça e coordenadora do Gaeco Ana Lara Camargo de Castro, e pelos promotores Tiago Di Giulio Freire, Gerson Eduardo de Araujo, Marcos Roberto Dietz, Thalys Franklyn de Souza e Janaina Scopel Bonatto.

Os outros 10 réus são o escrivão aposentado Valdenei Peromalle, a escrivã Adriana Jarcem da Silva, o escrivão Jonatas Pontes Gusmão, os investigadores Márcio André Molina Azevedo, Mauro Ranzi e Elvis Elir Camargo Lima, o perito Rogério Insfran Ocampos, o ex-policial civil Rafael Grandini Salles, Paulo de Tarso Silva Kobal e Sérgio Eduardo Vieira (esses dois últimos são representantes de locadoras de carro e seguradoras que pagavam propina aos policiais).

Elvis Elir Camargo e Rafael Grandini Salles também são réus no âmbito da Operação Omertà. Rafael foi demitido da Polícia Civil em fevereiro deste ano depois de ser preso por contrabando e tráfico de drogas. Adriana Jarcem da Silva foi denunciada por organização criminosa e corrupção passiva qualificada. Ela admitiu ter recebido dinheiro do operador do esquema, o escrivão aposentado Valdenei Peromalle, mas disse que era empréstimo que ele nunca aceitou receber de volta.

Elvis Elir Camargo virou réu por peculato. O Gaeco o denunciou por utilizar em proveito próprio uma Toyota Hilux apreendida na 2ª DP de Ponta Porã. Elvis é réu na Operação Omertà e aparece entre policiais incluídos na “folha de pagamento” do grupo de extermínio comandado por Jamil Name (já morto) e Jamil Name Filho. Jonatas Pontes Gusmão, o “Jhow” – que segundo o Gaeco dividia com Peromalle o controle do esquema de propina – foi denunciado por associação criminosa e corrupção passiva. Ele também é acusado de tráfico de drogas (crime não incluído nessa ação).

Márcio Molina virou réu por associação criminosa e corrupção passiva. Segundo o Gaeco, ele recebeu 84 créditos sem identificação do remetente em sua conta bancária, totalizando R$ 101,8 mil. No dia da operação, os policiais apreenderam R$ 25 mil em espécie na casa dele. Mauro Ranzi foi denunciado e virou réu por associação criminosa, corrupção passiva qualificada e peculato. O Gaeco achou R$ 37.014,50 na casa dele no dia da prisão. Ao Campo Grande News, a mulher de Mauro disse que o dinheiro era da venda de um terreno.

Patrick Linares da Costa virou réu por peculato e corrupção passiva (duas vezes). Ele é acusado pelo Gaeco de receber vantagem em dinheiro para permitir o esquema no período em que comandou a 2ª DP. O delegado se diz vítima de perseguição de uma promotora de Ponta Porã, nega ter recebido propina e diz que agiu no estrito cumprimento do dever. Residente em Santos (SP), Paulo de Tarso Silva Kobal virou réu por corrupção ativa.

Gravações feitas pelo Gaeco apontam Paulo como um dos representantes de empresas que pagavam propina para agilizar a liberação de veículos apreendidos na fronteira. Rafael Grandini Salles, que antes de ser demitido da polícia era escrivão na 2ª DP de Ponta Porã, virou réu por peculato (duas vezes). Ele é acusado de atuar no caso em benefício de Elvis Camargo e de envolvimento no suposto desvio de discos de arado avaliados em R$ 40 mil que estavam na carroceria do caminhão apreendido na fronteira.

Rogério Insfran Ocampos foi denunciado por organização criminosa e corrupção passiva qualificada. O Gaeco encontrou pagamentos feitos a ele por Valdenei Peromalle, supostamente para agilizar processos de interesse da organização. Residente em Belo Horizonte (MG), Sérgio Eduardo Vieira, assim como Paulo Kobal, virou réu por corrupção ativa, acusado de pagar propina para acelerar a liberação de veículos apreendidos. Com informações do site Campo Grande News