Genro de deputada e filho de pescador são convocados para prestar depoimento à Marinha

A Marinha do Brasil convocou o servidor público Nivaldo Thiago Filho de Souza, 36 anos, que é genro da deputada estadual Mara Caseiro (PSDB) e matou atropelado com uma lancha o pescador Carlos Américo Duarte, e o filho da vítima, Caê Duarte, 33 anos, para prestarem depoimento no próximo dia 12 de maio. Os militares da Marinha já fizeram os levantamentos no local do acidente no Rio Miranda, ouviram o profissional que conduzia o barco onde estavam pai e filho e coletaram o laudo pericial dos barcos envolvidos no acidente fatal.

Segundo a Capitania Fluvial do Pantanal, do 6º Distrito Naval da Marinha, a investigação embasará o processo que será encaminhado ao Tribunal Marítimo. “O procedimento sob a responsabilidade da Marinha destina-se a elucidar os fatos inerentes à navegação, por meio da coleta das provas necessárias para a apuração da causa determinante do acidente, bem como identificar os possíveis responsáveis. A apuração também identificará as infrações cometidas e irão compor o processo a ser encaminhado ao Tribunal Marítimo, órgão responsável por julgar os acidentes e fatos da navegação, com jurisdição em todo o território nacional”, informa o texto enviado por meio da assessoria de imprensa.

Além da investigação conduzida pela Marinha, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso e Nivaldo Thiago pode responder por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) ou por dolo eventual (quando alguém assume o risco de causar morte), uma vez que segundo testemunhas, o condutor da lancha, que não tinha habilitação, havia feito uso de bebidas alcoólicas antes de assumir a direção da embarcação e estava em alta velocidade.

Carlos Duarte fazia parte de um grupo de 24 pescadores que chegaram à Pousada Beira-Rio, em Miranda, na manhã de sábado (1). Por volta das 12h, ele saiu com o filho Caê Duarte em barco conduzido por Rosivaldo Barboza de Lima, piloto profissional e funcionário do hotel, em direção à região do Touro Morto, encontro dos rios Miranda e Aquidauana.

Menos de meia hora após a partida, a embarcação onde estava o trio foi “atropelada” por uma lancha conduzida por Nivaldo Thiago. Carlão foi atingido em cheio pelo barco maior. Levou um golpe no peito, segundo testemunhas. O condutor da lancha fugiu do local sem prestar os primeiros socorros. Danificado, o barco atingido estava prestes a afundar, mas o representante comercial, o pai e o piloto foram socorridos pelo grupo que chegou ao local minutos após a colisão.

Nivaldo desapareceu, mas após a PM (Polícia Militar) ser chamada e informar às outras forças policiais, foi parado em posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-262. O condutor da lancha se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas admitiu aos policiais ter tomado, na manhã de sábado, 4 garrafas de cerveja de 205 ml, conforme registrado em boletim de ocorrência. Testemunhas dizem o contrário, que logo após a colisão, o homem descartou embalagens de bebidas alcoólicas no rio.