Farra na delegacia! Policiais fizeram mais de 300 transferências para delegado na fronteira

Após quebra de sigilo bancário de investigados em esquema que cobrava propina pela liberação de veículos apreendidos pela Polícia Civil de Ponta Porã (MS), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) identificou mais de 300 transações bancárias suspeitas entre os envolvidos. A maior parte das transferências de dinheiro era feita por seguradoras e pessoas jurídicas ligadas ao ramo de locação e vistorias veiculares, sem que existisse qualquer justifcativa para os repasses.

Segundo denúncia do Gaeco, Valdenei Peromalle era o caixa do grupo e era dele a missão de receber os pagamentos e repassar aos companheiros. Entre 20 de junho de 2018 e 14 julho de 2021 ele recebeu R$ 47.665 por meio de 46 transações bancárias de uma seguradora. Entre 21 de julho de 2017 e 27 de agosto de 2018 foram R$ 17.650 em 18 transferências de outra marca do mesmo ramo.

Em 2021 foram computadas transferências sem identificação que chegaram ao montante de R$ 184.778, 40 e outras em valores menores: R$ 1.800, R$ 1.950, R$ 6.067 e R$ 750. Assim que recebia as quantias, Valdenei Peromalle cuidava de, no mesmo dia, fazer o repasse da cota dos demais envolvidos no esquema criminoso, o escrivão Jonatas Pontes Gusmão, a policial civil Adriana Jarcem da Silva e os policiais civis Márcio André Molina Azevedo e Mauro Ranzi.

Ainda sobre as quebras de sigilo bancário foi identificado que o delegado de Polícia Civil Patrick Linares da Costa recebeu R$ 17.060 entre os anos de 2017 a 2019. O dinheiro foi depositado na conta corrente de Linares em 18 depósitos em dinheiro e sem identificação do remetente. A esposa dele, Aline Euzébio Januário, recebeu em sua conta bancária créditos que totalizaram R$ 214.597,49, todos com algum tipo de identificação, além de 86 créditos que somaram R$ 89.980, grande parte em dinheiro e sem identificação ou com identificação precária do remetente.

De 2017 a 2019, enquanto a 2º Delegacia de Ponta Porã foi comandada por Patrick Linares, foram notadas irregularidades nas atividades policiais, especialmente sobre os bens apreendidos. Por meio das interceptações telefônicas a polícia identificou que Jonatas Pontes Gusmão e o policial civil aposentado Valdenei Peromalle exerciam o papel de controle dos bens apreendidos na Delegacia. Com esse controle, Valdenei Peromalle estaria negociando indevidamente as liberações dos veículos.

Também foram elencados indícios de que drogas apreendidas voltam à circulação depois de desviadas na delegacia com auxílio de Jonatas com os comparsas, apontados como os policiais João Batista Olmedo Júnior e Ricardo Alexandre Olmedo. Ao todo, foi decretada a prisão preventiva de Jonatas Pontes Gusmão (“Jhow/Jhou”); Valdenei Peromalle (“Nei”); Márcio André Molina Azevedo (“Molina”); Doelza Lopes Ferreira; Adriana Jarcem Da Silva; Patrick Linares da Costa; Mauro Ranzi; Rogério Insfran Ocampos; João Batista Olmedo Júnior (“Júnior”) e Ricardo Alexandre Olmedo. Também, a prisão temporária de Elisandro Ostergerg; Marcos Alberto Alcantara e Ronaldo Medina.

Para se defender, o delegado Patrick Linares escolheu para representá-lo o advogado Diego Marcos Gonçalves. Atuante na fronteira, o defensor também já patrocinou a defesa do ex-policial militar de Mato Grosso do Sul, Fábio Costa, 42, mais conhecido como “Pingo”, apontado como um dos principais chefes do contrabando de cigarros na região. Com informações do site Campo Grande News