É muito pó! Gaeco revela que em 6 viagens policiais civis garantiram R$ 1 milhão com tráfico de cocaína

No âmbito das investigações da “Operação Snow”, Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) descobriu que os policiais civis de Ponta Porã que usavam viatura oficial para o tráfico de cocaína atuaram por pelo menos 21 meses.

Ainda conforme o Gaeco, dois dos três policiais presos por transporte de entorpecentes entre a cidade fronteiriça, Dourados e Campo Grande receberam R$ 960 mil e garantiram R$ 480 mil cada um em apenas seis viagens.

Anderson César dos Santos e Alexandre Novaes Medeiros, lotados na 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã como investigadores, recebiam R$ 80 mil cada um por viagem entre Ponta Porã e Dourados.

Ambos estão presos desde setembro do ano passado (Operação Safe Shipping), quando foram flagrados deixando 540 quilos de cocaína em casa no bairro Vila Rosa, em Dourados, como o Campo Grande News mostrou aqui.

Já o terceiro policial envolvido e também preso – mas em março deste ano – Hugo César Benites, era responsável, junto com Anderson, de trazer a droga até Campo Grande.

Ele foi filmado com o primeiro e ainda com o traficante, Valdemar Kerkhof Junior (fuzilado em junho do ano passado), em casa no Jardim Pênfigo, em Campo Grande, em maio de 2023. Este caso é alvo da Operação Snow.

Relatório da operação mostra que na apreensão dos 540 quilos de cocaína na moradia inabitada em Dourados, em setembro do ano passado, também foi preso o traficante Alex Ferreira Mativi. Ele era responsável por guardar a droga.

Por conta desse fato, no pedido de interceptação telefônica feito em dezembro do ano passado e que permitiu a realização de 21 prisões em março deste ano, o Gaeco diz não ser necessária a interceptação de Anderson, porque ele já estava detido.

“Esclarece que o policial civil Anderson César dos Santos, que aqui está sendo investigado por transportar uma carga de cocaína no dia 04/05/2023, com viatura oficial, de Ponta Porã até Campo Grande, foi preso cautelarmente e, doravante, por isso, não será mais necessário interceptá-lo”, cita o Gaeco.

“Ou seja, cada policial civil envolvido recebia R$ 80.000,00 (oitenta) mil reais para fazer o transporte da droga de Ponta Porã até Dourados em veículo oficial, em ação intitulada no mundo do crime de “frete seguro”, já que a viatura, como regra, não é parada muito menos fiscalizada por outras unidades de segurança pública”, diz relatório do Gaeco em que Alexandre, Anderson e Alex foram denunciados.

Descobriu-se o valor pago a cada um, em espécie, também em 5 de setembro do ano passado, quando a cocaína foi apreendida. O dinheiro em espécie estava em pochete dentro de uma Fiat Strada, que pertencia a Alexandre, durante busca e apreensão no veículo, que estava estacionado no pátio da 1ª Delegacia de Ponta Porã.

Depois de entregar a droga em casa em Dourados, ele e Anderson voltaram para a cidade fronteiriça. Anderson acabou indo embora, se apresentando dias depois, mas Anderson ficou na delegacia, sendo preso em flagrante. Por volta das 20 horas seu veículo foi vistoriado, e então, encontrou-se o dinheiro.

“Os denunciados Alexandre Novaes Medeiros e Anderson Cesar Dos Santos, que já atuavam associados para o tráfico de drogas há muito mais tempo, desde janeiro de 2022 pelo menos, prestando auxílio para vários grupos criminosos, recebiam a droga na cidade de Ponta Porã/MS, onde são lotados, acondicionando-a na viatura da Polícia Civil e a transportando em veículo oficial até a cidade de Dourados, onde, no presente caso, era repassada para Alex Ferreira Mativi, que a mantinha em depósito no citado imóvel por pouco tempo, até ser retirada e transportada para outra localidade”. Com informações do site Campo Grande News