Pelo menos 100 bovinos adultos e bezerros morreram atolados às margens do Rio Taquari, no trecho entre os municípios de Coxim e Sonora. No registro enviado por pescadores, é possível ver que os sobreviventes estão magros e perdidos em meio aos barrancos de areia.
Quem enviou os vídeos para reportagem foi o empresário João Rafael, que estava no local para pescar com amigos, quando foi surpreendido pela quantidade chocante de animais mortos ou agonizando às margens do rio.
Ao andarem por terra conseguem, inclusive, retirar um bezerro muito magro, mas ele sai da lama com dificuldades para se locomover. “É uma situação impactante! Você vê um animal nessas situações, não é normal que fique exposto um animal dessa forma. Faz a gente se sentir impotente e querer ajudar, mas tem que saber quais são os responsáveis e como ajudar”, compartilhou João Rafael ao site Campo Grande News.
O subtenente PMA Cícero Lima, que está no comando da guarnição da região, informou que uma equipe está no local e a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) foi acionada para conseguirem mensurar quais são os crimes ambientais que estão sendo cometidos pelo proprietário da fazenda de onde os animais “escaparam”.
Além da propriedade, que indica ter mais de 22 mil hectares, houve a degradação da APP (Área de Preservação Permanente) do Taquari. “Nossa equipe está no local, mas o trabalho de fiscalização não será concluído hoje, tendo em vista que a propriedade é bastante grande e nós precisamos também de um apoio da Iagro. Definimos que na segunda-feira (9) vamos até lá para fazer o mapeamento total, porque não adianta irmos apenas pela beira do rio. Os vizinhos informaram que pode haver situações de animais sem alimentação ainda no campo”, destacou.
Ele adianta que, só pelas imagens, é possível pontuar os crimes de maus-tratos e dano à área de preservação. É importante lembrar que entre as décadas de 1970 e 1980, o Rio Taquari sofreu um processo de degradação agressivo, teve acúmulo de barrancos de areia e ele “arrombou”, espalhando suas águas, alagando os campos e mudando seu curso. Desde os anos 2000, com obrigatoriedade por lei federal, a área é preservada e políticas restaurativas são aplicadas.
“A hipótese que se tem é que esses animais estão em busca de alimento. Temos um produtor que já foi notificado pelo menos três vezes por esse crime, na região pantaneira, mas essa situação aparenta ser muito mais grave. Temos a identificação da fazenda, o nome do proprietário e estamos com os protocolos para iniciar a fiscalização e autuações na próxima semana”, concluiu o policial militar ambiental.