Delegado acusado de receber propina fala ao MP; só a mulher dele teria recebido R$ 214 mil

Afastado compulsoriamente de suas funções após operação descobrir a cobrança de propina por parte de policiais civis da 2ª Delegacia de Ponta Porã (MS), o delegado de Polícia Patrick Linares da Costa, que era responsável pela DP, prestou depoimento, por cerca de duas horas, ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em Campo Grande (MS), na tarde de ontem (2).

Ele compareceu acompanhado do advogado Diego Marcos Gonçalves, que falou ao site Midiamax sobre parte do teor do que foi dito na oitiva. Conforme a defesa, Patrick Linares foi questionado sobre como funcionavam os procedimentos da delegacia e também prestou esclarecimentos sobre os depósitos citados pelo Gaeco, que teria recebido, mas não declarado.

Entre os anos de 2017 e 2019, foram feitos 18 depósitos, totalizando R$ 17.060, na conta bancária do delegado. Já na conta da esposa, foram descobertos 190 depósitos que totalizaram o valor de R$ 214.597, com algum tipo de identificação. Outros 86 créditos no valor total de R$ 89.980 não tinham identificação ou estavam precárias, aponta o Gaeco.

Conforme o advogado, foi esclarecido pelo delegado que os depósitos foram feitos em Ponta Porã, já que havia dúvidas quanto a isso, e que todas as movimentações seriam licitas, feitas pelo casal. Patrick Linares passou no concurso para juiz substituto em 2021 e estava com a posse marcada junto com a dos novos magistrados para a última quarta-feira (27), mas não assumiu o cargo.

Como delegado, os valores pecuniários recebidos por ele são de R$ 24.320, segundo o portal da transparência, porém, como juiz substituto, os vencimentos iniciais são previstos em R$ 27.363. A situação parece delicada, uma vez que, como juiz, Patrick Linares poderia, em tese, ter acesso às credenciais prerrogativas de magistrado que permitiriam acesso às peças sigilosas do inquérito do qual é alvo, e que corre na 2ª Vara Criminal de Campo Grande.