Crime bárbaro! Um mês sem Sophia e pai diz que “sangra coração” a falta de atitude das autoridades

Na manifestação realizada ontem (26) para lembrar um mês da morte da menina Sophia de Jesus Ocampo, 2 anos de idade, que foi estuprada e assassinada pelo padrasto Christian Campoçano Leitheim, de 24 anos, com a conivência da mãe Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos, os pais dela, Jean Carlos Ocampo e seu marido, Igor de Andrade, reclamaram que, por trás dos erros dos sistemas de Saúde, da Justiça e do Conselho Tutelar, nenhuma mudança no combate à violência contra a criança saiu do papel em Mato Grosso do Sul.

Pelo menos 30 pessoas se reuniram em frente ao Aquário do Pantanal, nos altos da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande (MS), e fizeram uma passeata, entregando panfletos para quem passava pelo local. Com camisetas com a foto da criança e balões pretos, eles exibiam faixa com o Artigo 227 da Constituição Federal, que dispõe sobre ser dever do Estado, família e sociedade assegurar direitos à criança.

Conforme os pais de Sophia, o objetivo foi chamar a atenção e pressionar para que novos casos semelhantes ao de Sophia não venham a acontecer. “Nesse prazo de um mês, após a Sophia, a gente já viu mais quatro casos novos. O que mais sangra o nosso coração, o que mais nos revolta além da nossa filha, é que não tomaram nenhuma atitude”, disse Igor de Andrade.

Ainda segundo Igor de Andrade, a passeata e a ação no semáforo demonstraram que a família não irá se calar para evitar, dessa forma, que o caso seja “abafado” e que Sophia vire “mais uma estatística”. “Infelizmente nossa filha foi tirada da gente da pior forma, então, se a gente precisar ter que ir a público e gritar por 30, 40, 80, 10 anos para a frente, a gente vai até que a gente veja a mudança e que não existam mais ‘Sophias’, que não exista mais outras crianças passando pelo que a nossa filha passou, que haja medidas efetivas”, relatou.

Os pais ressaltaram ainda que as manifestações, tanto a de hoje quanto as futuras, serão sempre ordeiras, para que as pessoas não entendam como baderna. O período também é curto devido à família ainda estar em luto. “O intuito é a Sophia, é falar sobre a Sophia, que olhem para a Sophia, porque o que a gente sente é que mesmo depois de assassinato da nossa filha, não olham para a Sofia, a maioria das pessoas quer olhar outros fatos, como dois pais e outras coisas e não olham para a Sophia, e esse é o motivo da gente estar aqui”, concluiu Igor.

A avó materna de Sophia, Delziene da Silva de Jesus, também esteve presente e disse que, mesmo tentando se reerguer, o momento é de buscar justiça. “O coração da gente está sangrando, mas toda ação que a gente faz é para o bem. Infelizmente aconteceu com minha neste e está acontecendo com filhos e netos de várias pessoas. Então a gente briga para que as pessoas comecem a olhar mais as crianças, porque são indefesos”, contou.

Delziene de Jesus disse que não mantinha muito contato com a filha, por não concordar com o relacionamento dela, mas que buscou uma reaproximação após o nascimento de Sophia. A avó relata ainda que conversava para que as crianças não fossem criadas em ambiente de briga, mas sem sucesso. “Tem dias que eu acordo e acho que eu estou em um pesadelo e nada disso aconteceu”.

Ela acrescenta que não teve contato com a filha após o crime e diz não saber se algum dia conseguirá perdoar a filha. “Não sei se um dia eu vou conseguir perdoar. Eu não consigo neste momento, não sei daqui mais um tempo o que vai acontecer, mas nesse exato momento é imperdoável, mesmo sendo minha filha”, disse. Com informações do Correio do Estado