Condenado em escândalo de exploração sexual, ex-vereador é preso por força-tarefa

A Operação Araceli, realizada na manhã desta terça-feira (18) por força-tarefa do MPE (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Polícia Civil e PM (Polícia Militar) em combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, prendeu o ex-vereador Robson Leiria Martins, envolvido crime de extorsão contra o então vereador Alceu Bueno e denunciado por exploração sexual de adolescentes. Ele está com mandado de prisão em aberto desde novembro do ano passado, quando sua condenação de 8 anos, 6 meses e 20 dias de reclusão e 77 dias-multa e prisão foi publicada no Diário Oficial da Justiça.

Após a condenação em trânsito julgado, a defesa pediu revisão criminal e com isso conseguiu que o ex-vereador começasse a cumprir a pena no regime semiaberto, ao invés do fechado, mas não quis se apresentar. Robson Martins foi considerado foragido durante todo o período de revisão criminal, que não foi aceita. Com isso a decisão que beneficiou o ex-vereador com a progressão de regime foi desconsiderada e o mandado de prisão voltou a ser pela condenação em regime fechado.

Nesta manhã, ele foi capturado durante as ações que tinham como objetivo cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Criminal de Campo Grande, contra condenados por crimes praticados contra crianças e adolescentes, a maioria por abuso e exploração sexual. Robson Martins foi preso por envolvimento em crime de exploração sexual em 2003, quando ainda exercia mandato de vereador, foi denunciado por exploração sexual infantil e renunciou. Já em 2015, data das acusações de extorsão, disse em entrevista que foi vítima de uma trama do ex-vereador Alceu Bueno e de “forças ocultas”.

A operação

Agentes do MPE, policiais civis e militares foram às ruas de ao menos 10 bairros de Campo Grande, na manhã desta terça-feira (18), para prender 27 alvos, dos quais 20 foram localizados. De acordo com o promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, 69ª Promotoria de Justiça, nos últimos 10 dias, durante os levantamentos de campo para as buscas marcadas para hoje, 10 pessoas foram presas.

De acordo com a delegada Marília de Brito Martins, titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), também foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão e um dos condenados foi flagrado com munições. Além de começar a cumprir a pena, ele responderá pela posse ilegal.

A média do tempo de sentença dos alvos é de 14 anos na prisão. Muitos deles tiveram o direito de responder processo em liberdade. Equipes cumpriram mandados no Aero Rancho, Parque do Sol, Jardim Centenário, Jardim Canguru, Santa Emília, Tarumã, Moreninhas, Jardim Noroeste, Jardim Inápolis e Zé Pereira.

Dentre os presos está uma mulher de 53 anos. Ela foi levada para a 7ª DP (Delegacia de Polícia). O Campo Grande News apurou que a filha dela é a vítima, mas não há detalhes de que crimes a mãe praticava contra a garota. A operação foi deflagrada no “Dia D” do Maio Laranja. Nesta terça-feira, 18 de maio, é Dia Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

A data foi instituída pela Lei Federal 9.970, de 2000, escolhida em alusão ao “Caso Araceli”, a menina que aos 8 anos foi raptada, drogada e violentada física e sexualmente por vários dias, antes de ser morta, ter seu corpo desfigurado por ácido e abandonado em um terreno baldio em Vitória, no Espírito Santo.  Araceli Cabrera Sánchez Crespo foi assassinada em 18 de maio de 1973. Vinte e um anos depois da criação da lei e 48 anos após a morte da criança, o crime segue impune.