Atrás das grades, Olarte alega ser alvo de condenação política. Todos falam isso!

Ao não seguir a velha máxima de que em boca fechada não entra mosca, o ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte, continua dando bola fora, mesmo dentro de uma cela, onde está desde quarta-feira (5) para cumprir pena de 8 anos de detenção pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Agora, a defesa dele ingressou com uma ação de revisão criminal para tentar anular denúncia, processo e acórdão que levaram à sua condenação e, para diminuir a denúncia apresentada pelo então procurador-geral de Justiça Humberto de Matos Brittes, classifica a representação contra ele como uma “salada mista”, “amontoado caótico de uma infinidade de laudas” e “coisa fantasiosa e sem explicação”.

Gilmar Olarte também tacha a denúncia de “mensagem do absurdo”. Para quem não sabe, ele foi condenado, em maio de 2017, por chefiar um esquema de troca de cheques para pagar dívidas de campanha. Pastor, ele tomava folhas de cheque emprestadas de fiéis da igreja Nova Aliança e trocava por dinheiro com agiotas, com promessa de benefícios caso se tornasse prefeito de Campo Grande.

Os recursos teriam sido arrecadados para quitar dívidas contraídas na campanha eleitoral de 2012, quando o ex-prefeito se candidatou a vice-prefeito na chapa de Alcides Bernal. Segundo as investigações do MPE (Ministério Público Estadual), o pastor teria prometido nomeações na prefeitura aos fiéis que emprestavam cheques.

Ronan Edson Feitosa, ex-assessor especial de Olarte, e Luiz Márcio Feliciano, que ajudou o pastor nas negociações com as vítimas, também foram condenados no âmbito da mesma ação. A defesa do ex-prefeito afirma que os fatos que levaram à condenação são de natureza particular, sem ligação com corrupção, lavagem de dinheiro ou crimes contra a administração pública. Ela atribui as irregularidades a Ronan Feitosa, acusado pelo pastor de usar seu nome para dar golpes na praça.

Gilmar Olarte ainda acusa o Ministério Público de “defender negócios de particulares de agiotagem” e diz que sua condenação foi fruto de “decisão política”. A petição também faz críticas ao trabalho de investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ao qual o pastor atribui “falcatruas e manobras informativas confusas”.

Além disso, a inicial classifica Olarte como um “homem simples, pastor protestante e de boa-fé cujo nome foi manchado, igual osso para ficar na boca de cachorro”. Na parte mais técnica da petição, assinada pelo advogado Kárlen Karim Obeid, a defesa alega que Olarte deveria ter sido julgado por um juízo de primeira instância, e não pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), uma vez que ele perdeu foro privilegiado ao ser afastado do cargo de prefeito pelo desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva, em agosto de 2015.

Bonassini, inclusive, é alvo de pedido de suspeição e impedimento para julgar a ação. O feito acabou distribuído ao desembargador José Ale Ahmad Netto, da 1ª Seção Criminal. Olarte pede que seja dado efeito suspensivo à execução da pena de prisão, bem como requer a anulação da denúncia, do processo e do acórdão condenatório para, assim, ser absolvido.