Policiais rodoviários federais apreenderam, no domingo (20), na BR-419, no município de Anastácio (MS), mais um carregamento de cabelos sem nota fiscal e sem origem comprovada. Agora já são pelo menos seis apreensões do tipo desde o começo do ano no Estado, totalizando mais de 600 quilos de cabelos humanos, sendo três apreensões entre junho, julho e agosto.
A interceptação de domingo aconteceu na BR-419 e a assessoria da PRF informou que foram mais de 50 quilos apreendidos, sendo que o produto estava em várias sacolas de plástico e teria sido comprado em Corumbá, na região de fronteira com a Bolívia.
A série de apreensões começou ainda no dia 17 de janeiro, na região de Corumbá, quando 93 quilos foram tomados de um motorista na BR-262. Ele disse estar a caminho Goiânia e que essa não era a primeira viagem que fazia para levar cabelos da Bolívia para o estado de Goiás.
Depois disso, em maio, a Receita Federal de Corumbá apreendeu 20 quilos na alfândega e repassou o material para a Rede Feminina de Combate ao Câncer, que providencia a confecção de perucas, que por sua vez são doadas a mulheres que passam por quimioterapia.
Em 19 de junho, agora na região central do Estado, na BR-267, próximo a Nova Alvorada do Sul, agentes do DOF interceptaram uma caminhonete com 428 quilos de cabelos, avaliados em cerca de R$ 1 milhão, ou R$ 2,3 mil por quilo.
O carregamento, conforme o motorista, estava vindo da região de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, evidenciado que o comércio irregular de cabelos envolve os dois países que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul.
E o negócio é tão lucrativo que em julho dois policiais de Corumbá foram presos em flagrante por terem roubado um carregamento de cabelos que havia atravessado ilegalmente a fronteira e seria despachado para a região central do País.
Para “confiscar” o material, avaliado em R$ 150 mil, um PM e um policial civil usaram as armas da Secretaria de Segurança Pública para fazer o roubo. Eles foram denunciados pelos proprietários e acabaram descobertos antes mesmo de conseguirem esconder o material. Os cabelos, porém, foram apreendidos.
Por último, no dia 8 de agosto, agentes da PRF apreenderam em Rio Brilhante, uma caminhonete com seis sacolas de cabelos. A pesagem não foi divulgada, mas o produto foi avaliado em R$ 374 mil e o condutor informou que estava vindo da região de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, e iria até São Paulo.
De acordo com a polícia, o comércio de cabelos é altamente lucrativo e o quilo pode render entre R$ 10 e R$ 20 mil em cidades como Goiânia, São Paulo ou Rio de Janeiro. A venda não é proibida, mas as autoridades brasileiras exigem que seja declarado na entrada do país.
Geralmente eles são comprados de mulheres de origem indígena nos países vizinhos e o fato de elas usarem poucos produtos químicos é uma das principais explicações para a preferência pelos produtos contrabandeados.