Médico filho de vereador quer povo na rua, “eu dou emprego” e xinga prefeito, “esse fdp”! Veja vídeo

Em plena pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19) e em meio ao avanço da doença em Campo Grande (MS), o médico Antonio Cruz Neto, filho do também médico, vereador e ex-deputado federal Antônio Cruz, mandou às favas o “Juramento de Hipócrates”, que é efetuado pelo médico e promete a integridade de vida, a assistência aos doentes e o desprezo pela sua própria pessoa, e gravou, neste fim de semana, um vídeo criticando a quarentena recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), ofendendo o prefeito Marquinhos Trad e pedindo que o povo vá para as ruas para defender os seus negócios na cidade.

Na prática, o vídeo é um dos espetáculos mais lamentáveis e deprimentes do oportunismo político estimulado pela calamidade causada pelo Covid-19. Ele atacou as manifestações do prefeito Marquinhos Trad para combater o coronavírus, defender a população e criar em Campo Grande uma rede preventiva e de proteção contra a propagação da doença. Para quem não sabe, a cidade foi a primeira Capital do País a estabelecer ações como a quarentena para eliminar possibilidades de crescimento do vírus.

O resultado vem sendo positivo como demonstram os números comedidos de pessoas contaminadas na Capital, comprovando que a medida adotada pelo prefeito está sendo efetiva no combate à proliferação do novo coronavírus. Filho de Antônio Cruz, o médico Antonio Cruz Neto apelou para a baixaria no vídeo postado no Instagram em que agride Marquinhos Trad e a mãe do prefeito com palavras de baixo calão. Ele gravou o vídeo quando tentava chegar de carro em sua casa, no centro da cidade, e deparou-se com uma carreata de empresários de protestos e de pressão ao prefeito por causa de medidas da Prefeitura, entre as quais a paralisação parcial das atividades comerciais durante a crise da saúde.

Irritado e estressado, segundo disse depois em um segundo vídeo em que simulou um pedido de desculpas, Antonio Cruz Neto disse que como dono de três empresas – entre as quais o consultório de clínico-geral na Avenida Afonso Pena, área nobre da região central – e gerador de empregos se revoltou com a situação. “Sou empresário, né? Tenho empresas e vários funcionários, tá? Daí você vê um prefeito babaca, que não entende, mas que dá pro povo? Pô, a gente dá emprego, velho, a gente paga os caras meu Deus do céu! Tá? (…) esse filho da *** Marquinhos Trad…”, disse Neto.

No segundo vídeo, à guisa de pedir desculpas, o médico falastrão apenas reconhece: “Não deveria ter falado o que falei num momento acalorado”. Contudo, esmera-se na arrogância e na auto-afirmação de méritos, conservando a mesma postura demonstrada no vídeo anterior em que desmerece o esforço do poder público na luta pelas vidas ameaçadas:

“Esse aqui é um vídeo que estou fazendo, um pouco por causa da polêmica que gerou alguns storys meus que acabaram apagados. Sou médico há quase 14 anos, tenho três empresas, sou responsável pela administração do Hospital Evangélico, tenho meu trabalho e faço muito pela saúde de Campo grande, atendo muitas e muitas pessoas. O vídeo em questão é de retratação pelas coisas que falei, embora não concorde em absolutamente nada com as atitudes do prefeito”, completou.

DESOBEDIÊNCIA CAUSA PUNIÇÕES

Atos como incitação à desobediência civil da sociedade em relação aos decretos que restringem a abertura e funcionamento de estabelecimentos comerciais em Campo Grande como forma de enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19) começam a ser observados pela Prefeitura da Capital, que avalia tomar providências com base na ameaça à saúde pública. A afirmação é do procurador-geral do município, Alexandre Ávalo, em meio a manifestações pregando o desrespeito às regras sanitárias, adotadas para conter a circulação do vírus.

“A própria expressão ‘desobediência civil’ já diz tudo: inobservância de ordens legais, uma vez que há decretos vigentes de ordem municipal, estadual e federal”, destacou Ávalo. “E a expressão da desobediência civil é tentar legitimar as ações que contrariam as leis. Isso já foi informado ao Ministério Público e à força-tarefa composta para combate ao novo coronavírus”, prosseguiu.

A prefeitura informa que pretende identificar pessoas que incidam nessa prática, que estariam sujeitas a penalidades administrativas e, caso o MP assim avalie, penais.