Após realizar um verdadeiro jogo de gato e rato, a Polícia Federal decidiu revelar o local exato onde o último grande “Senhor das Drogas” da América do Sul, o narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, que operou nos últimos anos no Paraguai, passará os próximos 17 anos e 8 meses de prisão: a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ou seja, ele não foi levado para o presídio de Balneário Camboriú (SC) e muito menos para a Penitenciária Federal de Porto Velho (RO) como tinha sido oficialmente revelado pelo Ministério da Justiça do Brasil.
O fato é que Pavão, depois de sua extradição do Paraguai para o País, já está cumprindo pena em Mossoró, onde teve a cabeça raspada assim que chegou ao local e, de acordo com as autoridades brasileiras, passará 23 horas por dia em isolamento. A aguardada transferência do país vizinho para o Brasil se materializou ontem (28) às 8h28 (horário de Mato Grosso do Sul), quando a aeronave da Polícia Federal do Brasil o tirou do Grupo Aerotático, localizado em Luque, cidade que integra a região metropolitana de Assunção, capital do Paraguai.
A transferência do Grupo Especializado, em Assunção, foi feita por helicóptero e a entrega aos federais foi com uma segurança impressionante. Após uma parada em Brasília (DF), o “chefão” foi levado para a Penitenciária Federal de Mossoró, uma das mais temidas pelos criminosos brasileiros. De acordo com os relatórios recebidos pelas autoridades paraguaias, Jarvis foi recebido na prisão e confinado a uma cela de isolamento, onde será trancado 23 horas por dia durante os primeiros 30 dias de cumprimento da pena.
“Só resta lutar no Brasil”, afirmou brevemente a advogada Laura Casuso, defensora do narcotraficante brasileiro. Além disso, seus outros advogados ficaram furiosos porque não conseguiram, na noite de quarta-feira (27), um recurso legal para que seu cliente permanecesse no Paraguai, como eles pretendiam.
Histórico
Natural de Ponta Porã (MS), ele mudou-se para Santa Catarina nos anos 1990, fixando residência em Balneário Camboriú, onde tinha comércio de veículos para esconder os negócios do tráfico. Suspeito de ligação com o crime organizado, Pavão chegou a ser preso em Balneário Camboriú com 25 quilos de cocaína. Na época, a Polícia Federal apontou o traficante como responsável por 80% do comércio de drogas na região.
Mesmo assim, Pavão ganhou liberdade. Quando a PF reuniu provas de seu envolvimento com um grande esquema de distribuição de drogas, inclusive usando uma empresa de importação de cerveja como fachada, ele se refugiou no Paraguai, onde foi preso, perto da fronteira com Mato Grosso do Sul, no dia 27 de dezembro de 2009.
Até julho do ano passado, Pavão ficou preso no presídio de Tacumbú, em Assunção, onde mandou construir uma estrutura luxuosa, com sala de visita, geladeira, cama box, banheiro exclusivo, TV de LED, ar condicionado e até uma sala para cultos evangélicos.
Por 17 meses ele ficou na sede do Grupamento Especializado da Polícia do Paraguai, ao lado de Tacumbú, onde continuou contando com regalias enquanto o governo paraguaio se cercava de cuidados temendo um resgate. Jarvis Pavão chegou a ser apontado pelo governo do país vizinho como mentor do assassinato do então “dono da fronteira”, Jorge Rafaat Toumani, ocorrido em junho do ano passado, em Pedro Juan Caballero, cidade que faz fronteira com Ponta Porã (MS).
No entanto, ele nega o crime e diz que era amigo de Rafaat, mas os dois foram sócios no passado, mas Pavão se aliou ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Rafaat não permitia a presença da facção criminosa na fronteira e esse teria sido o principal motivo para sua morte. Atualmente o PCC é, segundo o governo paraguaio, a principal facção criminosa em atividade naquele país.