“Você é brabão, você é c…!” Discussão via WhatsApp teria motivado a execução em lanchonete

O site Midiamax divulgou, nesta quinta-feira (20), prints de uma discussão, via WhatsApp, entre os motoentregadores Bruno César de Carvalho, de 24 anos, e Emerson Salles da Silva, 33 anos, e que teria motivado a briga que culminou com a execução do segundo pelo primeiro na noite de 13 de agosto em frente à lanchonete onde ambos trabalhavam na Avenida Mato Grosso, em Campo Grande (MS).

Nos prints da discussão pelo aplicativo, Emerson Salles manda um áudio para Bruno de Carvalho falando que não gostou de ter de trabalhar no seu lugar, já que o autor teria mandado arrumar a motocicleta. Em resposta, Bruno de Carvalho diz em uma das mensagens “Larga mão de ser cuzão, vai trabalhar, eu preciso arrumar minha moto”. Em seguida outra mensagem é enviada por Emerson Salles a Bruno de Carvalho: “vamos ver se você é bravo mesmo, fodão”.

Bruno de Carvalho responde: “só reclama, aqui não é Corumbá, não”. Logo depois, a vítima manda novo áudio e o autor do homicídio responde: “Então vamos ver o bandidão, se você é o brabo mesmo”. Os dois continuam trocando ofensas e no dia do crime acabam entrando em vias de fato, trocando socos na frente da lanchonete.

Eles chegam a ser separados por funcionários, mas voltam a brigar e Bruno de Carvalho vai até a mochila e retira o revólver avisando que está armado. Em seguida pelas imagens divulgadas é possível ver quando ele faz disparos contra Emerson Salles, que se agarra a pilastra da lanchonete e cai no chão, sendo que neste momento o autor se aproxima e faz um disparo contra a cabeça da vítima, que chega a ser socorrida, mas morre na Santa Casa.

Uma funcionária do local entra em desespero e pede para Bruno de Carvalho não atire contra Emerson, que ainda está vivo, mas de nada adianta. Diante dos fatos, a defesa do autor entrou com pedido da revogação da prisão preventiva, alegando que a manutenção da prisão não se sustenta pelo fato do rapaz ter bons antecedentes criminais, ter residência fixa, personalidade pacífica e trabalho fixo.

De acordo com a advogada Adriana Melo, Bruno teria agido sob violenta emoção no dia do crime e que a família do rapaz não entende como tudo aconteceu e acredita que ele tenha ficado transtornado e perdido a noção de si para cometer o assassinato. Ainda conforme ela, testemunhas teriam afirmado que a briga que terminou em crime teria sido começada por Emerson Salles, com xingamentos e socos contra Bruno de Carvalho. “Estão fazendo um movimento para acabar com a imagem do Bruno”, disse Adriana que afirmou que seu cliente é pacífico.

Delegado

Para o delegado Mikail Farias, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, as provas apresentadas até o momento pela defesa são fracas e não “justificam” a execução a tiros do colega de trabalho. Em depoimento, Bruno de Carvalho disse que era ameaçado pela vítima e apresentou mensagens trocadas com Emerson dias antes do crime, no entanto, para o delegado, o motivo apresentado não explica a execução à queima-roupa.

“Justificar um homicídio é difícil, tem que ter um motivo muito forte. O que eu vi na discussão que eles tiveram pelo WhatsApp não era motivo nenhum para cometer o homicídio. Era uma discussão normal de colegas de trabalho”, afirmou o delegado ao site Campo Grande News. Foram dois dias de discussão por telefone até que na última quinta-feira (13) o suspeito voltou ao local de trabalho, onde foi agredido pela vítima. Imagens de câmeras de segurança mostram que após a briga, Bruno pega o revólver e atira duas vezes a curta distância na direção do colega de trabalho.

“Eu tenho que agir com os fatos e os fatos mostram que ele executou o Emerson. Está no vídeo. Agora o que levou ele a fazer isso só ele sabe. Pelo o que eu tenho hoje, para mim aquilo não é motivo”, analisou Mikail Farias. Bruno de Carvalho andava armado há pelo menos cinco meses, sob alegação de que usava o revólver calibre 32 para se defender da criminalidade, já que trabalhava à noite.

O motoentregador apresentou-se à Polícia na terça-feira (18) e entregou a arma do crime. Ele foi ouvido e liberado, mas voltou a se entregar ontem (19), depois de ter pedido de prisão preventiva ser decretada pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, que entendeu que ele deveria ficar preso pelo crime que cometeu.