Tá tudo dominado? Servidores públicos avisaram advogados ligados ao PCC sobre operação do Gaeco

Servidores públicos avisaram os advogados ligados à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) sobre a “Operação Courrier”, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) no último dia 25 de março para desarticular o núcleo “Sintonia dos Gravatas” em Mato Grosso do Sul.

Segundo o site Midiamax, a investigação identificou 15 advogados ligados ao grupo criminoso, dos quais quatro foram presos, assim como os servidores públicos que passavam informações aos operadores do Direito no Estado. Eles foram avisados por “colegas” do núcleo e um dos faccionados do PCC ligado a Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, enviou um “salve” relatando sobre uma operação que iria atingir os advogados.

Uma das advogadas avisadas sobre a operação que estava para ser deflagrada teria dito que estava “tranquila” e que “eles (Gaeco) não têm provas ainda”. A informação também teria sido repassada ao advogado que tinha consultado o nome do delegado do Estado a pedido de um colega, que faz a defesa de um dos presos da “Operação Omertà”.

A operação em cima do núcleo “Sintonia dos Gravatas” começou com investigações após a descoberta que advogados ligados à facção criminosa PCC estariam fazendo consultas ao sistema da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) pelo nome de um delegado da Polícia Civil do Estado.

O ex-chefe de cartório da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, Rodrigo Pereira da Silva Correa, que passava informações privilegiadas, como decisões judiciais, manifestações e procedimentos administrativos instaurados em presídios, ganhou viagem a Bonito como “presente” da advogada Kamila Mendes de Souza, que integra o núcleo “Sintonia dos Gravatas”.

O presente foi dado após repassar informações, entre elas, uma “Cota” do MPE (Ministério Público Estadual), que tratava da transferência de um dos membros do PCC ligado a Marcola. A notícia ainda foi difundida em grupos dos “Gravatas”, o que causou indignação entre alguns pelo modo como a advogada estava captando de forma ilícita clientes.

A consulta ao nome do delegado aconteceu na noite do dia 2 de julho de 2021, após ele citar nomes da alta cúpula da Polícia Civil em audiência, no dia 30 de junho, quando deu detalhes da sua retirada das investigações de homicídios investigados pela força-tarefa da Omertà. Já no dia 2 e na madrugada do dia 3 de julho, o nome do delegado foi pesquisado três vezes.

A consulta acabou sendo descoberta. Ela foi feita pelo advogado Bruno Ghizzi — que tinha uma senha fornecida por um ex-chefe de cartório — preso durante a deflagração da operação que levou para a cadeia 15 advogados que trabalhavam para a facção criminosa.

Na época da consulta, o advogado chegou a dizer que havia feito a checagem para tentar encontrar o telefone do delegado, já que tinha informações para passar sobre o PCC. Ele ainda chegou a dizer que usava essas informações para sua ‘atividade profissional’.

Ainda segundo informações, o advogado teria feito a consulta a pedido de um colega de profissão que seria defensor de um dos presos, na Operação Omertà, e que faria parte do grupo de advogados que prestam serviços de mandar recados e encaminhamento de ‘salves’ do PCC. Neste grupo estariam incluídos sete advogados. O grupo dos ‘Gravatas’ administrava as contas bancárias e o dinheiro do PCC.

O ex-chefe de cartório da 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande foi quem forneceu sua senha para o advogado preso na operação. Foi descoberto que o ex-chefe de cartório ainda passava informações privilegiadas, como decisões judiciais, manifestações e procedimentos administrativos instaurados em presídios.

Ele também repassou informações e transferências de líderes do PCC para o Sistema Penitenciário Federal. Foram localizadas conversas no celular do ex-servidor acerca de ordens a integrantes do PCC para que promovessem o assassinato de juiz da Vara de Execuções Penais de Uberlândia/Minas Gerais, da juíza e da promotora de Justiça atuantes perante a 2ª Vara de Tóxicos de Belo Horizonte/Minas Gerais.

O ex-chefe de cartório negou que havia passado a sua senha para o advogado, chegando a dizer que, provavelmente, ele teria conseguido a senha ao ver ela anotada em um ‘post-it’ fixado em seu computador. Segundo a investigação, essa informação é nada plausível, já que as senhas são renovadas periodicamente. Com informações do site Midiamax