Preso após 10 meses de fuga, Fahd Jamil se declara inocente dos crimes, mas seu filho continua foragido

Após 10 meses de fuga, o empresário ponta-poranense Fahd Jamil Georges, 79 anos, se entregou na manhã de ontem (19) e a primeira declaração da defesa dele foi de que o cliente é inocente das acusações feitas pela Operação Omertà. Então, se ele é inocente nesta história, o criminoso é o filho dele, Flávio Correa Jamil Georges, 38 anos, mais conhecido como “Flavinho”, que continua foragido desde 18 de junho do ano passado, quando foi alvo da fase 3 da Operação Omertà juntamente com o pai, conhecido como “Rei da Fronteira”.

Por enquanto, não há informação de que Flavinho vá seguir o caminho de Fahd Jamil e também se apresentar à Polícia. Por enquanto, parece que o pai só se apresentou devido às ameaças que vinha sofrendo da facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital) na fronteira com o Paraguai. O grupo vive em permanente busca pelo controle da região, ponto logístico para o tráfico de drogas e também de armas para abastecer os “soldados” da facção no Brasil.

Em carta aberta, Fahd Jamil apresentou-se como um “homem idoso, doente e sob perseguição de criminosos”. De acordo com o advogado Gustavo Badaró, as ameaças são do PCC. “As ameaças foram enviadas por telefone para a família dele. São ameaças contra a vida dele e familiares. Estamos comunicando a delegacia de Ponta Porã, fizemos boletim de ocorrência”, afirma Badaró. O caso foi comunicado à Polícia Civil em novembro do ano passado. Naquele mês, a fronteira enfrentou um morticínio, com a guerra do PCC ao clã do Rei da Fronteira.

Fahd Jamil chegou de avião ao aeroporto Santa Maria, na saída de Três Lagoas, e foi levado para o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), onde deve permanecer pelos próximos dias. A defesa tenta autorização da Justiça para que a prisão seja cumprida em regime domiciliar. Ele mora em Ponta Porã, em um imóvel que é réplica da casa de Elvis Presley, o “Rei do Rock”.

A defesa move dois habeas corpus: um com pedido de prisão domiciliar e outro alegando incompetência da Vara que decretou a preventiva. O pedido de domiciliar destaca que o preso necessita de tratamento de oxigenoterapia, indisponível nos presídios de Mato Grosso do Sul. Ele estava foragido desde 18 de junho de 2020, quando foi alvo da operação Omertà. Fahd Jamil é réu por organização criminosa, tráfico de arma de fogo, obstrução de Justiça, corrupção e homicídio.

O filho

Foragido desde 18 de junho do ano passado, quando foi alvo da Operação Armagedon, a fase 3 da Operação Omertà, Flavinho não deve se entregar à Polícia. Pai e filho são representados por bancas diferentes de advogados, contratados em São Paulo (SP). O defensor de Flavinho, Rafael Serra Oliveira, ao ser procurado pela reportagem, pediu prazo de 24 horas para responder às indagações sobre o cliente.

Foi perguntado se o filho do “Patrão”, como também é chamado Fahd Jamil, pretende se apresentar à polícia. Oliveira disse ter sabido da prisão de Fahd por meio da imprensa. A mesma pergunta foi feita aos defensores que negociaram a apresentação do patriarca da família, para saber se existia previsão de entrega conjunta dos dois procurados. A resposta foi que são defesas distintas e que o paradeiro de Flavinho é desconhecido.

Ele é alvo de três ações criminais derivadas da Omertà, por formação de organização criminosa, milícia armada, à qual chefiava junto com o pai segundo a operação Omertà, por corrupção, e por último como mandante do assassinado do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins de Figueiredo, ocorrida em 11 de junho de 2018. A ação pela execução, que corre na 2ª Vara do Tribunal do Júri, é a fase mais adiantada, de audiência para ouvir testemunhas. A próxima sessão marcada em 20 de maio

Segundo a investigação da força-tarefa da Omertà, a morte de Figueiredo foi encomendada pelos Georges para vingar o desaparecimento de “Danielito”, Daniel Correa Jamil Georges, sequestrado em 2011, e só em 2019 foi dado como falecido. Em todos os processos, a defesa alega falta de provas contra Flavinho. Ele tem endereço oficial em Ponta Porã, cidade fronteiriça onde a família sempre foi bastante influente, inclusive com bens do lado de lá da fronteira.

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