No debate da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública) realizado na noite de ontem (19), apenas seis dos oito candidatos a prefeito da Capital compareceram para tratar sobre as questões relacionadas ao tema da educação.
Com uma plateia foi composta por professores e representantes sindicais, os candidatos presentes foram a deputada federal Camila Jara (PT), o deputado federal Beto Pereira (PSDB), a prefeita Adriane Lopes (PP), a ex-deputada federal Rose Modesto (União), o advogado Beto Figueiró (Novo) e Luso de Queiroz (PSOL).
Os candidatos Jorge Batista (PCO) e Ubirajara Martins (DC) não participaram porque, conforme a ACP, só foram convidados para o debate aqueles que estiveram no podcast realizado ainda na pré-campanha.
O debate contou com quatro blocos, sendo que o primeiro teve o tempo de dois minutos reservado para cada candidato fazer suas considerações iniciais.
O segundo bloco foi o único em que os candidatos interagiram. O mediador, o jornalista Marcos Anelo, sorteou o nome de um candidato que perguntaria para outro, também sorteado, um tema retirado da urna. O candidato que perguntou tinha um minuto para pergunta, o questionado dois minutos para resposta, depois cada um tinha mais um minuto para réplica e tréplica.
Já o terceiro bloco contou com perguntas sorteadas enviadas por pessoas ligadas à educação de Campo Grande direcionadas a um candidato sorteado.
O quarto e último bloco foi reservado para considerações finais com tempo de dois minutos para cada e onde eles também puderam dizer se assinariam uma carta compromisso com a ACP.
A plateia do debate se mostrou muito agitada e o mediador teve de pedir silêncio em várias ocasiões, inclusive com necessidade de interromper a fala de um dos candidatos para pedir silêncio.
1º bloco
Camila Jara destacou que é filha de professora e de um jornalista, que teve a família “instaurada” na educação e que desde pequena aprendeu a importância da educação.
Beto Figueiró disse que foi ao debate para fazer a direita ter voz, mas não a direita que ele considera “oportunista”. “Elogiou” Camila Jara por ela ter coragem de ser petista comparando com outros candidatos que não têm coragem de assumir que são “comunistas”.
Rose Modesto gastou boa parte do tempo agradecendo o convite e lembrou das lutas na ACP, falou sobre os 10 anos em sala aula.
Adriane Lopes defendeu brevemente sua gestão falando que nesses dois Campo Grande avançou muito, e que ela tem projetos novos e arrojados para educação da Capital.
Beto Pereira destacou que para uma boa educação é preciso recuperar a economia de Campo Grande, também prometeu garantir um plano de cargos e salário, fazer concursos públicos e garantir gestão democrática das unidades educacionais.
Por fim, Luso de Queiroz disse que não tem padrinho político, que não é dono de nenhuma rádio e que tem coragem de mudar a cidade e também que sempre esteve ao lado de professores.
2º bloco
A primeira pergunta foi feita por Adriane Lopes sobre política de valorização do magistério e cumprimento do piso de 20 horas à candidata Rose Modesto. A pergunta de Adriane foi breve, apenas repetindo o que estava escrito no papel.
Rose disse que no governo dela irá tratar educação como prioridade, que vai procurar arrumar mais dinheiro, com uma gestão eficiente, cortando gastos, diminuindo o número de alunos em sala de aula, fortalecendo a educação especial e pensando no administrativo
Em sua réplica a prefeita foi mais incisiva, perguntou porque em gestões passadas, onde Rose teria indicado o nome do secretário de educação, ela não resolveu.
Na tréplica, a candidata do União Brasil disse que dessa vez vai ser a prefeita e que quem tem que responder pelo passado são as pessoas que estavam nos cargos.
Em seguida Beto Figueiró, perguntou sobre política para cuidar da saúde do magistério à Adriane Lopes. Ele perguntou a Adriane porque a classe dos professores tem sido maltratada pelas administrações anteriores e porque continuam sendo.
Adriane respondeu a Beto que acordou com a ACP cinco metas de revitalização escolar, progressão e gestão democrática. Criticou a gestão do PSDB e disse que está fazendo o que não foi feito em 20 anos.
Beto ponderou então que é filho de professora, que foi criado com muita dignidade e que está na eleição com muita dignidade para quebrar um paradigma.
Em sua tréplica, Adriane falou das 150 salas de aula que construiu em seis meses e que está revitalizando 205 escolas.
Luso de Queiroz responde a pergunta no debate (Foto: Juliano Almeida)
Na sequência Rose Modesto perguntou sobre política de gestão democrática nas unidades de ensino da Reme para Beto Figueiró. Rose perguntou se Beto pretende manter as eleições nas escolas. Beto respondeu que as eleições serão “mantidas e ampliadas”, que lamentavelmente a merenda servida é considerada uma verdadeira “lavagem”.
Nesse momento Beto foi interrompido pela plateia, reclamou do tempo que perdeu e a organização concedeu mais 15 segundos a ele.
Em seguida ele concluiu dizendo que quer a filha estude na escola pública, voltou a falar da qualidade da merenda chamou a esquerda de “maldita” e pediu novamente para voltar o tempo porque a plateia estava atrapalhando, o que não aconteceu
Em sua réplica, Rose disse que também irá manter as eleições e fará processo seletivo para os coordenadores pedagógicos.
Em sua tréplica Beto Queiroz voltou a destacar sua revolta com a “classe política profissional” e lamentou gerações que estão sendo perdidas.
Depois, Luso de Queiroz perguntou sobre estrutura física das escolas e material didático ao candidato Beto Pereira.
A pergunta foi simples: apenas o que ele iria fazer para melhorar a estrutura nas escolas? Em seguida, Luso usou o resto do tempo para criticar a fala anterior de Beto Figueiró sobre a merenda, o que fez o candidato do Novo levantar de sua cadeira e ir tomar satisfação com dedo em riste. Os ânimos foram apaziguados e o debate continuou.
Em relação a pergunta Beto Pereira disse que educação é um assunto sério, que o estado promoveu uma arrojada reforma de prédios públicos. Também criticou as quase 10 escolas em Campo Grande que estariam inacabadas.
Na réplica, Luso criticou o fato de, segundo ele, o PSDB não ter conseguido implantar a escola integral da forma como havia prometido.
Em sua tréplica ele disse que Luso está desinformado que está sendo cumprido o Plano Nacional de Educação, mas que Campo Grande está muito aquém.
Camila Jara perguntou sobre a superlotação na sala e oferta de vagas para demanda da educação infantil para Luso Queiroz. Jara disse que educação não pode ser tratada com desdém e criticou Adriane pode ela supostamente repetir que está só há dois anos como prefeita, porque foi vice outros seis anos de podia ter contribuído.
Luso respondeu que a falta de vagas é um problema crônico. Que em São Paulo conseguiram zerar, utilizando salas vazias de escolas privadas.
Camila então defendeu articular recursos com o Governo Federal, mas com recursos públicos, que é responsabilidade do poder público.
Por último, Beto Pereira perguntou sobre as condições de trabalho do magistério para Camila Jara. O tucano perguntou quais seriam as diretrizes para melhorar a qualidade de vida do profissional da educação
Camila Jara irá ampliar os concursos públicos, permitir que professores saiam para fazer mestrado e doutorado, para uma educação de maior qualidade e também que irá implementar um plano de cargos e carreira.
Em sua réplica Beto disse que Campo Grande tem uma dívida com os professores, que vai quitar essa dívida e que educação não é um trabalho só dos professores.
Por fim, Camila afirmou que não existe serviço público de qualidade sem valorização.
3° bloco
Beto Pereira respondeu a pergunta sorteada sobre “Qual é base da proposta para melhoria da sala de aula, climatização e tecnologia?”.
Beto destacou a importância de uma estrutura digna. Criticou que as salas de tecnologia acabaram. Que precisa dar oferta e investir em laboratórios para dar educação de qualidade, que as salas foram acabando à medida que os recursos foram minguando e que é preciso uma gestão eficiente, além de racionalizar os gastos.
Camila Jara respondeu sobre “Qual a proposta para valorização dos professores para o piso 20 horas”?
A petista afirmou que não deveria ser questionada. Que se é lei tem que ser cumprida. Resgatou feitos do governo Zeca do PT e disse que o piso é apenas mais um instrumento de valorização e não o todo.
Luso de Queiroz respondeu sobre se na opinião dele o “coordenador pedagógico precisa passar por um concurso?” O psolista se limitou a dizer que essa decisão é da própria classe. Quem vai decidir é a ACP.
Rose Modesto respondeu a pergunta sobre “Qual a proposta para melhorar o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de Campo Grande”.
Rose afirmou que o Ideb de Campo Grande está abaixo da média desde 2013. É preciso pensar em investir em uma infraestrutura menor, com menos alunos por sala de aula e muitas delas sem ventilação. Que as escolas não têm investimento e que os laboratórios acabaram.
Adriane Lopes respondeu sobre “Qual sua política para educação especial?”
Adriane disse que Campo Grande avançou muito nos últimos dois anos. Que abriu o primeiro Centro de Diagnóstico da Educação Especial de Campo Grande, que nem prometeu e fez.
Beto Figueiró respondeu sobre “A proposta para liberar professores para fazer mestrado e doutorado”.
O candidato do Novo disse ter uma proposta disruptiva, que as crianças estão sendo vilipendiadas pela classe política e que existe uma cadeia hereditária na classe política. Que ele traz o inconformismo com essa situação.
4º bloco
O quarto bloco ficou reservado para as considerações finais e para que os candidatos assinassem ou não uma carta compromisso com tópicos relacionados à melhoria da educação pública. Apenas o candidato Beto Figueiró não assinou a carta.
Beto Pereira disse que o debate foi extremamente produtivo. Lembrou do pai, o ex-senador Valter Pereira que lutou pela educação e lembrou de ter sido o primeiro prefeito a implantar a escola integral quando era prefeito de Terenos.
Adriane Lopes assinou a carta e falou que irá fazer concurso público para magistérios, e agora com a necessidade de novas 150 salas, que vai chamar mais 157 professores. Também falou que pretende fazer concurso para área administrativa
Camila Jara lembrou que foi eleita vereadora e deputada federal mais jovem de Mato Grosso do Sul e falou da decepção que foi a faculdade por conta de política como a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que por isso preza pela educação.
Luso Queiroz agradeceu aos professores da sua juventude, disse que é um candidato ligado ao povo brasileiro, que sabe pegar ônibus, que não é investigado e tem ficha limpa.
Rose Modesto lembrou que sua história tem relação com educação não só porque é professora, mas por ter ficado 10 anos em sala ela reconhece a educação por tudo que proporcionou na vida dela.
Beto Figueiró começou justificando porque não assinou a carta compromisso, que considerou “tímida” e “pequena”. Depois voltou a elogiar Camila Jara e criticar oponente que estaria usando a direita, mas que na verdade são de esquerda, tendo como principal alvo o PSDB.