Na fase “Rota Caipira”, “Operação Ícaro” prende piloto e recepcionista em Paranaíba

A Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) deflagrou, nesta sexta-feira (17), a fase “Rota Caipira”, da “Operação Ícaro”, para cumprir mandados de prisões preventivas de integrantes de organização criminosa especializada em tráfico aéreo de entorpecentes na cidade de Paranaíba (MS). Nesta etapa da operação, foram presos o piloto Edmur Guimara Bernardes, 78 anos, e o recepcionista Idevan Silva Oliveira, 53 anos, que é funcionário público municipal no Aeroporto de Paranaíba.

Segundo a Deco, diversas diligências estão sendo realizadas pela equipe em torno de residências, comércio e também no aeroporto municipal da cidade, onde os fatos ocorreram no ano passado. O piloto e recepcionista foram presos como desdobramento da prisão, no ano passado, de Idevan Oliveira na recepção do aeroporto de Paranaíba pela participação no roubo do avião PR NAL, que acabou decolando do local com o piloto Edmur Bernardes sob a alegação de que seria um sequestro.

No dia seguinte aos fatos, alegando que teria conseguido fugir de uma pista na Bolívia, ele retornou ao Brasil, pousando em Cáceres (MT), onde se apresentou à Polícia Federal, foi ouvido e liberado, chegando a Paranaíba no fim da manhã do dia 20 de junho de 2019 no comando da aeronave roubada PR NAL. O piloto foi recebido sob grande comoção social, tendo sido a aeronave apreendida e a investigação repassada para a Deco.

A equipe policial da Deco, acompanhada de perito criminal, descolou-se até Paranaíba, no dia 24 de junho de 2019 e, de imediato, procedera a reprodução dos fatos com o piloto Edmur Bernardes, que afirmava ter sido sequestrado e rendido quando estava saindo de casa. Ele disse na época que teria sido obrigado a dirigir a sua caminhonete até o aeroporto, onde teria sido obrigada a abrir o hangar, ao qual tinha livre acesso, e obrigado a decolar a aeronave PR NAL na companhia de dois sequestradores.

Edmur Bernardes contou ainda que foi até o Paraguai e, de lá, para a Bolívia, sob argumento de que teria resgatado uma liderança criminosa na fazenda paraguaia para deixar em área rural boliviana, de onde, após um descuido dos seus sequestradores, teria fugido com a aeronave e retornado ao Mato Grosso. O funcionário público que era encarregado da recepção do aeroporto municipal afirmou que teria sido rendido e mantido trancado e amarrado, mas conseguiu se desvencilhar de um fio de mouse que o prendia e reportado os fatos ao proprietário do hangar e da aeronave, que foi quem acionou a Polícia Civil.

Diante das versões divergentes apresentadas e demais diligências que incluíam analise de imagens do circuito interno do hangar, a delegada Ana Cláudia Medina representou por mandados de busca e apreensão em residências, fazendas e hangares do aeroporto de Paranaíba, bem como pelas prisões temporárias do piloto e do recepcionista, que acabaram prorrogadas até julho de 2019.

A Deco manteve em sigilo a prisão preventiva de Adevailson Ribeiro, mais conhecido como “Zoio”, integrante de facção criminosa e atuante na região de Birigui (SP), que foi cumprida pelos policiais no fim do mês de junho deste ano na residência dele. A investigação identificou que Zoio seria um dos integrantes da organização criminosa que decolou a bordo da aeronave PR NAL na companhia do piloto Edmur Bernardes em 18 de junho de 2019 do Aeroporto Municipal de Paranaíba sob alegação de roubo de aeronave e sequestro de piloto.

Zoio foi trazido para Mato Grosso do Sul, onde foi interrogado pela equipe da Deco e confirmou a participação do piloto e do recepcionista que se declaravam vítimas, inclusive indicando que o autor intelectual de toda a encenação em torno do que fora registrado pelas câmeras de monitoramento foi o próprio Edmur Bernardes. Ele revelou que o piloto, há dias, coordenava com os demais integrantes do grupo o falso enredo para justificar o uso da aeronave PR NAL de seu patrão para atravessar a fronteira transportando integrantes de facção criminosa e, assim, terminasse como herói.