Após passar uma temporada atrás das grades na cela 17 do Centro de Triagem Anízio Lima, em Campo Grande (MS), o ex-prefeito da Capital e ex-governador do Estado, André Puccinelli, tinha sumido dos holofotes da política sul-mato-grossense, a ponto de recusar até que cogitassem seu nome para ser pré-candidato do MDB nas eleições deste ano.
Porém, como já diz o ditado, basta estar vivo para aparecer, entretanto, André Puccinelli apareceu pela porta dos fundos, já que o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal, desmembrou a denúncia de desvio de R$ 142,507 milhões e, em apenas uma tacada, tornou o ex-governador réu em quatro ações.
Segundo matéria publicada pelo site O Jacaré, ele vai responder por organização criminosa (1ª), pelos desvios nas obras da Avenida Lúdio Martins Coelho (2ª), superfaturamento da MS-430 e falsificação no contrato com o BNDES (3ª) e uso de aeronave da Proteco (4ª).
Na prática, trata-se da da primeira denúncia feita contra André Puccinelli na Operação Lama Asfáltica no dia 3 de dezembro de 2017 pelo procurador da República David Marcucci Pracucho. Essa também era a única que continuava na Justiça Federal.
A denúncia do suposto pagamento de propina pela JBS em troca de incentivos fiscais foi enviada à Justiça Estadual pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região na véspera do início do julgamento. Em cinco anos da Operação Lama Asfáltica, deflagrada pela primeira vez em 9 de julho de 2015, essa é a primeira medida judicial.
Para frear a investigação e o julgamento, a defesa usou avalanche de recursos, pois, conforme despacho publicado ontem (24), o juiz Bruno Cezar decidiu desmembrar a ação diante da multiplicidade e complexidade dos fatos denunciados.
Com a divisão das ações, ele passará a marcar as audiências e julgamentos, obrigando Puccinelli, que foi deputado estadual, deputado federal, prefeito da Capital e governador do Estado por dois mandatos, a sentar no banco dos réus primeira vez na Lama Asfáltica.
Agora, o ex-governador corre o risco de ser condenado várias vezes e sofrer mais desgaste na opinião pública com a publicação de cada sentença, caso venha a ser condenado.