Irmão de alma de Messer; MPF classifica ex-presidente do Paraguai como um “risco para a ordem pública”

O ex-presidente paraguaio Horacio Cartes não apenas “despreza as autoridades”, mas “representa um risco para a ordem pública”, segundo o relatório do MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro. Eles o apontam como um “ator-chave” na organização criminosa do doleiro Dario Messer, que tem ligações com outros ilícitos.

“Embora Horacio Cartes concentre o tamanho do poder político e econômico, ele paradoxalmente despreza as autoridades constituídas em seu próprio país ao integrar e financiar a organização criminosa brasileira com tentáculos profundos no Paraguai”, diz parte do relatório do MPF em quem pede a captura do ex-presidente paraguaio.

As autoridades brasileiras apontam que Horacio Cartes tentou – em vão – que seu nome não estivesse vinculado ao de Messer enquanto ele estava em fuga, chegando ao ponto de buscar formas seguras de comunicação.

“Isso não o impediu de promover financeiramente a organização de Dario, mesmo sabendo que isso estava traindo o juramento que ele fez ao assumir o mais alto cargo do executivo paraguaio”, acrescenta o documento.

Risco do pedido

‘Não é preciso muito esforço para concluir que, Horacio Cartes continuará colocando a ordem pública em sério risco”, afirmam os procuradores da República brasileiros. Eles acrescentam que, mesmo como presidente, Cartes “permaneceu alinhado com a organização criminosa brasileira”.

Fora do escritório e sem se preocupar com a exposição, “ele terá muito mais facilidade (ou insolência ou autoconfiança) para continuar financiando, com seu enorme poder econômico, e orquestrando, com seu poder não menos político, para que as autoridades investigadoras (autoridades judiciais) não o alcancem (ou “não o prejudiquem”) e não o façam com o seu “irmão da alma” Dario Messer”.

“Ator principal” em destaque

Os procuradores da República brasileiros apontam Horacio Cartes como alguém que ocupa uma “posição de liderança” dentro do núcleo de proteção política da organização criminosa de Dario Messer.

Essa organização criminosa também tem vínculos com lavagem de dinheiro, contrabando de armas e cigarros e tráfico de drogas, sempre de acordo com o relatório judicial do Brasil.

“Esta é uma organização criminosa que retira milhões de dólares de todos os tipos de ilícitos, com indicações da existência de crimes adjacentes muito graves, como tráfico de drogas e armas”, diz o documento.

Segundo a investigação brasileira, Dario Messer dirigiu um esquema de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos que beneficiou políticos, jogadores de futebol, empresários e artistas que movimentaram mais de US$ 1,6 bilhão em 3 mil empresas offshore e com contas bancárias distribuídas em 52 países No Paraguai, Messer teria lavado dinheiro graças a empresas dedicadas ao setor imobiliário, pecuário e reflorestamento por vários anos.