É só ter vontade que dá! Em dois meses, Deam acelera análise e destrava mil inquéritos

Dois meses depois do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, o grupo de trabalho formado para tirar do limbo 5,3 mil boletins de ocorrência parados na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) chegou à marca de 1.170 inquéritos abertos após a análise de 1.604 registros.

As ocorrências, até então paradas, passaram a ser verificadas depois do assassinato porque áudios da jornalista enviados a amigos dava conta de mau funcionamento da delegacia e mesmo descaso com as vítimas. Esse fato levantou uma série de denúncias, entre elas, a de registros cujo andamento estava paralisado.

O delegado-geral da Polícia Civil Lupersio Degerone Lucio informou que a prioridade de análise é para boletins referentes a casos de maior complexidade ou que demandam exames, por exemplo. “Os boletins de crimes de maior complexidade, que exigem laudos de corpo de delito (lesão corporal), estão terminando. A tendência é de maior celeridade no restante, que não exigem laudos, como casos de injúria, vias de fato”, comentou para o site Campo Grande News.

Nesta semana, conforme o site, a equipe comemorou em um churrasco o encaminhamento de mil inquéritos com a verificação dos boletins que estavam parados. O ato foi registrado nas redes sociais de uma das integrantes do grupo, a delegada Suzimar Batistela.

“Eu sei que pegou muito mal tanto entre os colegas quanto entre outros integrantes do sistema de justiça”, disse uma fonte, que reforçou ainda o fato de o serviço não ser “nada além da obrigação da delegacia” e que “o clima não é de festa, né?”, lamentou.

Os 1.604 boletins verificados representam 30,26% de todos os 5,3 mil registros aptos ao grupo de trabalho. Conforme o delegado-geral, os 434 boletins já analisados, mas que não resultaram em inquérito são de fatos prescritos, arquivados ou retornaram à Deam por conexão com outros fatos e até mesmo encaminhados a outras unidades da Polícia Civil. “Às vezes foi registrado lá e o local do fato é outro. Ou seja, há vários fatores”, comentou.