É Brasil!!! Mesmo foragido da Justiça, Fahd Jamil fez tratamento médico em São Paulo

Mesmo sendo procurado pela Justiça desde o dia 18 de junho de 2020, o empresário ponta-poranense Fahd Jamil Georges, 79 anos, mais conhecido como “Rei da Fronteira” e que se entregou à Polícia Civil no dia 19 de abril deste ano, passou a maior parte dos últimos dez meses em São Paulo (SP), fazendo tratamento de saúde. Se hospedando em hotéis, ele circulou por hospitais de luxo para buscar a cura do câncer e a degeneração do pulmão, já perdeu um dos órgãos e o outro funciona com apenas 30% da capacidade.

Segundo o jornal O Estado MS, Fahd Jamil era procurado por três crimes na Operação Omertá, que deflagrou a existência de um grupo de extermínio comandado por seu aliado, Jamil Name, 83 anos, e seu filho Jamil Name Filho, 42 anos, ambos presos desde o dia 27 de setembro de 2019. O “Rei da Fronteira” pede o direito de responder em prisão domiciliar justamente por conta de seus problemas de saúde.

Na carceragem da Garras (Delegacia Especializada na Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), onde teve permitida a entrada de um colchão especial e de dois aparelhos que ajudam a respirar, ele alega que sua vida corre risco se for levado para um presídio do Estado. Seu advogado, Gustavo Badaró, completa que não há unidade com estrutura adequada no Estado para garantir o tratamento de seu cliente.

Em seu depoimento na audiência de custódia onde o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, decidiu pela manutenção da prisão, o empresário alegou que passou a maior parte do tempo na capital paulista “apenas com a finalidade de cuidar de sua saúde”. A estratégia é perfeita, visto que Fahd Jamil não podia circular mais por Ponta Porã, onde sempre morou. Sem o mesmo poder de outros tempos para garantir uma segurança adequada, ele teria aproveitado uma sessão de quimioterapia em São Paulo para não voltar mais.

Sua divergência com o PCC (Primeiro Comando da Capital), que quer o controle total do crime na fronteira, culminou, em novembro de 2020, no sequestro, tortura e assassinato de quatro pessoas, dois deles seus familiares, o filho de um amigo próximo e um de seus motoristas pessoais mais antigos. Investigação da polícia paraguaia aponta que o objetivo era executar Flavinho Jamil Georges, filho do “Rei da Fronteira” e único herdeiro vivo do império.

O episódio mexeu com a cabeça do outrora temido chefe do eixo Ponta Porã–Pedro Juan Caballero. Até então mandante de assassinatos na região, sua família passou a ser alvo. Pelo menos duas vezes, integrantes do PCC tentaram invadir casas de seus familiares na cidade sul-mato-grossense, em janeiro deste ano. Em fevereiro, tão logo Fahd Jamil pegou um voo fretado de uma fazenda da região onde estava escondido para São Paulo, membros da facção voltaram a agir e deixaram uma carta com nomes, endereços e até horários da rotina de seus familiares.

Foi a deixa para o “Rei da Fronteira” decidir ficar na capital paulista. Durante todo esse tempo o homem mais conhecido dos limites brasileiros e paraguaios negociou uma solução. Cada vez mais doente e longe de seus familiares, decidiu se entregar após conversar com a sua nova equipe de advogados.

Laudo

Preso desde segunda-feira (19), em cela do Garras, Fahd Jamil passa o fim de semana lá e não deve ter novidades sobre seu pedido de prisão domiciliar até o fim da próxima semana. A decisão vai depender de laudo sobre o estado de saúde dele, delicado segundo os advogados, a ser elaborado por perito oficial. O prazo para isso foi estabelecido em 5 dias, a metade do roteiro, durante audiência de custódia realizada na terça-feira (20), quando o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, manteve a prisão preventiva até ter em mãos avaliação das condições de saúde do réu.

Esse prazo vale depois da chegada da solicitação ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia) legal, responsável por esses procedimentos. Isso não havia ocorrido até esta tarde.  Na audiência de custódia, o juiz estipulou esse prazo para o laudo, em acordo com os promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) e com quatro advogados representando Fahd Jamil.

Ficou acertado que, se não houver laudo nesse prazo, o magistrado tomará decisão de toda forma. Por isso mesmo, foi enviado ofício à Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), questionando a unidade prisional com capacidade para alojar o preso. O “Rei da Fronteira” é réu em três ações, todas por chefiar milícia armada atuante em Ponta Porã, especializada em eliminar desafetos, em “consórcio” com organização do mesmo tipo em Campo Grande, sob comando do compadre Jamil Name.

 Os advogados dele afirmam que o acusado tem apenas um pulmão, no outro tem capacidade de 30%, além de ter diabetes, hipertensão e problemas na coluna causadores de dores fortes.  No Garras, Fahd dorme em um colchão levado pela família, colocado no piso da cela. Só ele está na delegacia, onde a segurança foi reforçada. Existe, além da alegação da saúde frágil, a queixa de recebimento de ameaças por parte do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa dominante nos presídios do Estado.