Casos de dengue têm “explosão” na Capital e unidades de saúde voltam a ficar lotadas

A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Jardim Leblon, em Campo Grande (MS), está tomada por pacientes com suspeita de dengue. O local em questão é o que tem maior número de atendimentos na Capital, com cerca de 14 mil por mês e, em janeiro, chegou a receber mais de 24 mil pacientes devido ao aumento de indivíduos com sintomas respiratórios, naquele momento, de acordo com a gerência da unidade.

Ainda assim, conforme dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o local em pior situação de perigo com a dengue, arbovirose transmitida por meio do mosquito Aedes aegypti, é a região da UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) no Residencial Vida Nova. Segundo a pasta, o IB (Índice de Breteau) desta unidade é de 13%, a maior dentre todas as unidades de saúde vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde). Essa métrica é feita em uma amostra probabilística dos imóveis existentes na área urbana e serve para indicar o perigo de infecção.

Na sequência, vem a UBS São Francisco (12%), a do Aero Rancho (6,4%), do Jardim Autonomista (6,2%) e a UBSF José Abrão (6,2%). Ao todo, o LIRAa (Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti) colocou 10 bairros de Campo Grande em risco de infestação do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.

Conforme a SES (Secretaria Estadual de Saúde), a parcial de casos prováveis de dengue neste ano – que não são mensurados apenas com testes, mas também com consultas de médicos – já supera a de anos como 2014, 2017 ou 2018. Ou seja, faltando quase sete meses para o fim de 2022, já existem mais notificações que em outros anos.

Entre os municípios, o que possui maior incidência – ou seja, maior número de notificações na comparação com o total de habitantes – é São Gabriel do Oeste, a 137 quilômetros de Campo Grande, com cerca de 3,2 mil casos a cada 100 mil habitantes. Em seguida, aparecem Aparecida do Taboado (mil casos), Amambai (949), Ribas do Rio Pardo (853) e Inocência (843).

Segundo a Sesau, os casos notificados de dengue têm se mantido estáveis na Capital, já que os índices são os menores registrados nos últimos cinco anos. A Superintendência de Vigilância em Saúde declarou que a população tem de manter cuidados preventivos para reduzir a chance de proliferação da arbovirose.

Os ovos do Aedes aegypti podem permanecer na natureza por um longo período esperando somente a oportunidade para eclodir e iniciar o ciclo de crescimento. Por isso, é importante que todo mundo faça a sua parte. Orientamos a população para que evite acumular qualquer tipo de resíduo que possa se tornar potencial criadouro do mosquito e faça uma vistoria no quintal de maneira periódica.

Conforme a pasta municipal, de janeiro a março deste ano, foram contabilizados 1.369 casos notificados de dengue em Campo Grande. No mesmo período, em 2021, foram notificados 1.772. Apesar de certa “estabilidade” nas notificações, segundo a Sesau, o município já registrou, pelo menos, dois óbitos provocados pela doença.

Em território sul-mato-grossense, aponta a SES, outra morte foi registrada – a de uma paciente em Aparecida do Taboado. De acordo com a pasta estadual, um caso suspeito de dengue pode apresentar sintomas como dor abdominal intensa, vômitos, acumulação de líquidos, sangramento de mucosas, letargia ou irritabilidade, hipotensão postural, hepatomegalia, dentre outros.

Os sinais podem se agravar e incluir sangramentos graves e até comprometimento de órgãos. Vale ressaltar que o tratamento inclui, sobretudo, hidratação adequada e reconhecimento precoce de sintomas. Para evitar a proliferação do mosquito que é vetor da doença, recomenda-se manter recipientes fechados e limpos, evitar acúmulo de galhos e água parada, tampar ralos, colocar areia em cacos de vidro de muros ou semelhantes, além de manter limpas bandejas do ar-condicionado e lonas.