Laudo final! Especialistas confirmam que caseiro foi mesmo devorado por onça

Especialistas em fauna animal confirmaram o que todos já sabiam: o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, foi mesmo devorado por uma onça-pintada em pesqueiro na região do Touro Morto, município de Aquidauana (MS).

Eles também reforçaram que a causa do ataque do felino foi devido à ceva que o caseiro fazia no pesqueiro para atrair os animais e, dessa forma, permitir que os visitantes tirassem fotografias.

Agora, os especialistas defendem a criação de protocolos mais rigorosos e orientar a população. “É lamentável o incidente que houve recentemente, lamentamos pela família, a dor de uma pessoa querida, porém, ficou comprovado que ele [Jorge] era pautado por uma relação promíscua, havia ceva”, afirmou Ângelo Rabelo, diretor do IHP (Instituto Homem Pantaneiro).

Ainda conforme o especialista, a ceva acabou gerando a aproximação do animal selvagem rotineiramente ao pesqueiro. “Não são apenas onças que os pesqueiros cevam. Tivemos outros casos de os caseiros jogarem milho para queixadas e outras espécies de animais selvagens. No dia que a pessoa falta, o animal vai lá buscar e não conhece os limites”, alertou.

Conforme Ângelo Rabelo, tanto o Instituto, quanto diversos especialistas agora reiteram esse fato. “O Cenap [Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros] está trabalhando, construindo protocolos mais rigorosos. Nós moramos dentro do Pantanal e a cheia sempre trouxe a aproximação destes animais silvestres, que procuram, principalmente, comida mais fácil, e é aí que eu falo que o cachorro que está chamando a onça a todo tempo”, argumentou.

Os envolvidos com esse trabalho estão in loco, entregando panfletos, orientando moradores a recolherem animais domésticos, como cães e gatos, no período noturno, além de ficarem mais atentos. “É um fato que se repete nas cheias, nas grandes cheias. Corumbá já possui o protocolo do que fazer, inclusive, em casos extremos. Estamos falando de uma espécie linda, o topo de cadeia do Pantanal e que merece respeito e a devida distância”, argumentou.

O Instituto ressalta ainda que, há mais de 10 anos, faz campanhas ao longo dos rios Paraguai e Miranda. “Essa conclusão afasta discussões, como superpopulação de onças e outras tantas que a gente tem ouvido. A população se equilibra dentro daquilo que o ambiente oferece de alimentação, então, justamente por isto, tivemos esta demanda de veterinários, biólogos, especialistas que estão fazendo palestras, visitando fazendas, inclusive, tem uma com uma escola onde a onça passa com frequência, então, são muitas as orientações”, explicou.

Sobre os protocolos, Ângelo fala que serão apresentados em um seminário, provavelmente, em julho deste ano. “Já fizemos reuniões para discutir e agora estão sendo amadurecidos. Serão protocolos de segurança para questões específicas da tratativa desta espécie, relacionadas à ceva e à responsabilização, para evitar que novos incidentes aconteçam”, finalizou.