Cadê o dinheiro? Ex-diretor questiona CPI para saber onde Prefeitura usou recursos dos corredores

O ex-diretor do Consórcio Guaicurus, João Rezende, jogou uma batata quente na mão dos vereadores da CPI do Transporte e perguntou por que eles ignoram às falhas da Prefeitura de Campo Grande no cumprimento do contrato de concessão do transporte coletivo.

Rezende lembrou que o contrato teve origem no PAC da Mobilidade, programa federal criado em 2011 para financiar obras de infraestrutura urbana. A Prefeitura aderiu ao programa e elaborou o edital de concessão que resultou na formação do consórcio.

Segundo ele, o contrato previa a construção de 58 km de corredores exclusivos para ônibus, quatro novos terminais e a reforma do Terminal Morenão, com financiamento de R$ 120 milhões da Caixa Econômica Federal. No entanto, até hoje apenas 6 km foram executados.

“A administração se comprometeu com obras e investimentos que nunca saíram do papel. E o mais grave: essa CPI não faz uma pergunta sequer sobre isso”, provocou ele.

“Os senhores não se preocuparam em saber onde está esse dinheiro. A prefeitura recebeu o recurso e não entregou as obras. Por que isso não está sendo investigado?”, questionou, dirigindo-se diretamente aos vereadores.

“A prefeitura não cumpre o contrato, mente ao Judiciário dizendo que cumpre, e ainda deixa o sistema sucatear sem dar respostas. Mas a CPI prefere nos tratar como vilões”, concluiu.

Prometida há mais de uma década, a implantação dos corredores exclusivos para ônibus em Campo Grande segue incompleta. Das obras previstas, apenas o da Rua Rui Barbosa e Brilhante foram entregues. O atraso gera críticas de comerciantes, moradores e usuários do transporte coletivo, que convivem com canteiros abandonados, prejuízos ao comércio e aumento de acidentes em áreas já implantadas.

A última atualização das obras foi há alguns meses, quando retomaram as construções dos pontos da Rua Marechal Deodoro, entre os terminais Aero Rancho e Bandeirantes.