Os moradores do Bairro Generoso, localizado em Corumbá (MS), vivem há meses com medo de sair às ruas no período noturno devido a existência de uma moradora indesejada. Trata-se de uma onça-pintada, que tem sido avistada frequentemente e já atacou vários animais domésticos.
Essa reclusão, voluntária, mas necessária, tem causado frustração e feito os corumbaenses se sentirem em uma espécie de prisão domiciliar como forma de se proteger de algum incidente com o felino.
Os moradores relataram que os cachorros e gatos do bairro estão sendo devorados pelo felino. A cozinheira Jocinéia dos Santos, de 51 anos, que mora no bairro há meio século, essa é primeira vez que presencia a circulação constante de onças no local.
Depois do ataque de uma onça ao caseiro Jorge Ávalo, em abril deste ano, na região do Touro Morto, no município de Aquidauana (MS), grossense, Jocinéia dos Santos acredita que, além de se proteger, também precisa adotar protocolos de segurança para os netos e pets.
“A gente fica com muito medo, as crianças não gostam de ficar presas. Nem à pracinha podemos ir mais, descendo aqui embaixo, onde ela aparece com frequência. No final da tarde sempre íamos lá tomar tereré”, lamentou a mulher.
Já a cozinheira Diana Silva, de 36 anos, confirma que ao menos uma onça praticamente virou moradora do bairro. Ao menos uma porque o número não é confirmado e representantes de uma entidade ambiental que atua na região acreditam que pode haver mais de um felino promovendo ataques aos pets das redondezas.
“Estamos assombrados, principalmente porque temos crianças. Na cidade, assim, nunca tinha visto como tem sido aqui. Está difícil a gente querer ir à praça porque ela está andando por ali e tem atacado muitos cachorros”, comentou.
A FMAP (Fundação de Meio Ambiente do Pantanal) está entregando panfletos e fazendo orientações aos moradores do bairro sobre a convivência entre onças e humanos. Arleni Morinigo, médica-veterinária e gerente do bem-estar animal da Fundação, disse que, depois das queimadas de 2019, as onças têm aparecido com mais frequência.
“Então elas acabam vindo pra cidade, aí não tem comida, não tem recurso, começam a invadir. Elas já estão acostumadas com as pessoas”, pontuou a veterinária, reforçando que os felinos estão se locomovendo para dentro do perímetro urbano, atacando cachorros e mexendo nos lixos.
Diante disso, algumas das recomendações primordiais são: usar barulho para afastá-los (como dona Clara e sua família têm feito), não deixar lixo espalhado e recolher seus animais. “Provavelmente não é só uma onça-pintada. Em relação aos ataques e aparições, há algo em comum: todas as casas têm cachorros, que é o jeito mais fácil dela conseguir a presa dela”, finaliza a gerente da FMAP. Com infos Midiamax