Jamilzinho desafia jurados no julgamento do Caso Playboy da Mansão: “me condenem”. Vai vendo!

Em mais um dia do júri popular sobre a execução do empresário Marcel Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, o também empresário Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, réu por ser apontado como mandante do assassinato, pediu, ontem (17), por videoconferência, para falar diretamente com os jurados que decidirão a condenação dele ou não pelo crime.

Durante o cara a cara, ele voltou a afirmar que não há provas contra ele, apenas suposições feitas por parte da acusação. Na primeira fase do depoimento, por cerca de duas horas e meia, o réu respondeu às perguntas feitas pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, que preside o julgamento.

Depois, foi questionado pelos advogados de defesa a respeito dos encontros que teve com a vítima depois da briga em boate de Campo Grande, que teria sido o motivo para planejar matar a vítima, e sobre o tempo em que está preso – desde setembro de 2019, quando foi pego pela Operação Omertà.

Ao ser encerrado o interrogatório, Jamilzinho pediu ao magistrado para se dirigir aos jurados e foi autorizado. “Gostaria humildemente de pedir a vossa excelência, se possível… vão ser poucas palavras, mas gostaria de falar com todo o respeito ao senhor, gostaria de falar aos juízes de fato”, afirmou.

Ele disse acreditar na capacidade dos sete escolhidos para julgá-lo, mas pediu que o conselho de sentença tenha consciência e discernimento. A mulher e os seis homens que se debruçam sobre as 10 mil páginas que compõem o processo de homicídio devem se atentar apenas aos fatos ali contidos, alertou o réu.

Por fim, desafiou: “com todo respeito, com toda humildade, se tiver uma prova, estou falando de prova, me condenem”. Não foi a primeira vez que Jamilzinho usou o imperativo “me condenem”, pois, mais cedo, quando falava sobre não conhecer Juanil Miranda Lima, matador de aluguel contratado para matar o Playboy da Mansão, ele disse que se houve prova da ligação dele com o pistoleiro, o júri poderia condená-lo.

 

Tumulto

Acompanhando o segundo júri da plateia, a dona de casa Terezinha Brandão, 63 anos, mãe do guarda municipal Fred Brandão dos Reis, acabou se alterando e precisou ser retirada do plenário ao chamar o ex-guarda municipal Marcelo Rios de mentiroso.

Ele falava sobre o período em que passou na sede da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) quando Terezinha se levantou e foi em direção ao réu gritando: “Para de ser mentiroso, Marcelo! Deixa de ser mentiroso. Você matou meu filho. Você matou meu Fred, desgraçado. Você deu um tiro na boca do meu filho, seu desgraçado”.

Rapidamente, policiais militares que acompanham as sessões do júri retiraram a mulher e o juiz Aluízio Pereira dos Santos determinou que não a deixassem mais entrar na sala. A situação foi registrada em vídeo acima. Após sair, ela continuou gritando no saguão e foi levada para outra sala.

O magistrado dizia para o advogado Marcio de Campos Widal, que atua na defesa do ex-guarda, para que ele continuasse com as perguntas, enquanto Marcelo comentou que não entendeu o que aconteceu. O defensor então pediu que o cliente tomasse água e respirasse. “Eu não tenho nenhum processo doutor”, disse o ex-guarda.

Widal então pede a anulação do julgamento. “Excelência, por dever do ofício, eu quero registrar em ata o acontecimento do auditório e gostaria de consignar o pedido de nulidade do julgamento pelo fato poder influenciar na imparcialidade e isenção dos jurados”, pontuou o defensor.

Os promotores de Justiça se opuseram por entenderem que o fato em nada prejudicaria, já que existem outros acusados sendo também julgados no processo e que os jurados têm capacidade de fazer um julgamento justo.

“Esse julgamento é extremamente técnico. Feito com base em prova feita pela acusação e pela defesa. Um fato isolado como esse jamais macularia o julgamento. Até porque os jurados são suficientemente idôneos e inteligentes para separar esse fato que não tem nada a ver com o que está sendo julgado e que vá os contaminar”, declarou o promotor de Justiça Moisés Casarotto.

Por fim, o juiz alertou que as acusações feitas por Terezinha não tinham relação com o processo e que o júri é um ato público, não podendo ser feito de portas fechadas. Além disso, afirmou não ser a primeira vez que uma situação como esta acontece e há uma estrutura preparada para resolver.

“Eu não vejo motivo nenhum para dissolver o Conselho de Sentença, supondo que eles serão influenciados por uma palavra de uma pessoa. Um destempero de versão apresentada pelo acusado e isso pode ser melhorado com os debates, então podemos prosseguir normalmente com os debates”, finalizou o magistrado consultando os jurados e dando uma pausa no julgamento.