Os focos de incêndios somando os dois estados, que já estavam na casa de mais de 900% de aumento, em dados atualizados dos seis primeiros meses do ano atingiram 1.025% de alta, comparados ao mesmo período de 2023
Já o Rio Paraguai, a artéria vital do bioma, enfrenta uma seca recorde, quase 3 metros abaixo de sua média habitual. Em Mato Grosso do Sul, onde estão 60% do Pantanal brasileiro, 698 focos foram registrados entre janeiro e junho de 2024, em comparação com apenas 62 no ano anterior, no mesmo período.
A narrativa de desolação se estende ao Mato Grosso, que detém 40% do bioma, com 495 focos de incêndio em 2024, frente aos 44 de 2023. A soma dos dois estados revela uma triste realidade: em 2024, foram contabilizados 1193 focos de incêndio até 7 de junho, comparados aos 106 no ano anterior, no mesmo intervalo.
A antecipação da temporada de incêndios, combinada com a seca, trouxe consequências desastrosas. Em Corumbá, a fumaça cobre o céu depois de quase dois meses sem chuva. Ladário, cidade vizinha, sofre da mesma forma e tem o rio Paraguai 2 metros e 47 centímetros abaixo de sua média histórica.
A escassez de chuvas castiga o solo, expondo-o à voracidade das chamas. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico decretou uma “situação crítica de escassez” na bacia do rio Paraguai em maio.
Na semana passada, crianças foram retiradas de uma escola ribeirinha do Pantanal, e as aulas foram suspensas por precaução. A intensificação dos focos de incêndio florestal ocorreu no dia 7, perto da Escola Jatobazinho, na região do Paraguai-mirim, em Corumbá.
Mantida pela Acaia Pantanal, a escola atende 40 alunos que permanecem na instituição durante a semana, além de contar com 34 adultos envolvidos na sua operação. De acordo com o instituto, as aulas serão retomadas assim que a situação melhorar.
“Uma tristeza imensurável ver o Pantanal mais uma vez ardendo em fogo. Nossos alunos e toda equipe pedagógica e operacional tem vivenciado essa realidade nos últimos dias até hoje, com a necessidade urgente de evacuação. Seguimos sofrendo ao pensar em nossos alunos e em toda comunidade ribeirinha”, comentou o Acaia Pantanal.
O Corpo de Bombeiros trabalha na região desde abril, com apoio de dezenas de brigadistas voluntários. O cenário decorre de processo desencadeado no final de 2023, impulsionado por um El Niño, que prolongou o período seco. O ano de 2024 trouxe consigo níveis de precipitação muito abaixo do esperado.