Segundo o site Midiamax, a medição feita pela Marinha do Brasil mostrou que o nível do Rio Paraguai, em Ladário, chegou a 1,16 metros no dia 11 de abril. No mesmo dia de 2023, o nível do rio era de 2,74 metros. Em 2022, era 1,97 metros. Em 2021, 1,83 metros. Já em 2020, o nível do rio estava em 1,64 metros. Historicamente, em abril, começa o período de cheia do Pantanal, com auge em julho e agosto.
O professor-doutor Geraldo Damasceno Junior, coordenador do Peld-Nefau (Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas), da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), explica que o nível do Rio Paraguai define o quanto o campo vai ter de água ao longo do ano. Neste, porém, as perspectivas são ruins.
“Não vai inundar o Pantanal este ano. Se chover pouco, como é esperado no período de seca, a chance de períodos secos é grande e, consequentemente, as chances de incêndios florestais aumentam”, declarou ao site.
Para ele, todas as organizações estão mais atentas e empenhadas na prevenção dos incêndios florestais. Com isso, as chances de uma tragédia ambiental como a vista em 2020 são menores, porém, com “condições críticas”.
Com histórico de temperaturas muito acima da média nos últimos meses, seca no Pantanal e proximidade do fenômeno La Niña, Mato Grosso do Sul caminha para condições climáticas similares ou piores do que as observadas em 2020, quando os incêndios florestais consumiram 3 milhões de hectares no Pantanal.
Biólogo e diretor da ONG Ecoa, Alcides Faria explica que a meteorologia aponta para o fim do El Niño e a chegada do fenômeno La Niña, situação parecida com a vivenciada em 2020. Com o cenário colocado, ambientalistas e pesquisadores se unem para alertar sobre os riscos de incêndios florestais de grandes proporções.
“Entrou pouca água no Pantanal e não foi suficiente para encher o bioma. Com a água vazando para a planície, terá mais massa vegetal para queimar. Precisamos de uma preparação como nunca se teve. Devido à seca e a La Niña, podemos estar diante de uma catástrofe”, afirma Alcides Faria ao Midiamax.
Para ele, essa seca atípica no Rio Paraguai tem relação com as mudanças climáticas. “Nada que aconteça em eventos extremos pode se desassociar das mudanças climáticas”, afirma o pesquisador.